terça-feira, 11 de março de 2008

Segurado Decreta Feriado no INSS ou o dia em que a Agência Parou

Estava de férias, mas o que não faz o costume? Quando notei estava em frente à minha agência. Nem parecia o INSS. Não havia barulho, nem fila de gente na porta, era um silêncio, parecia que velavam um morto ali dentro. Até o segurança cochilava. Toquei no vidro e ele despertou. Abriu a porta com a má vontade típica de quem é interrompido no melhor momento do sono, por isso não puxei conversa.
Fui direto descendo as escadas no rumo de minha sala. Não consigo evitar o pronome possessivo. Mas se é ali meu habitat. À medida em que ia descendo os degraus um fedor horrível ia tomando conta de tudo.
O silêncio, as cadeiras vazias, os computadores desligados e aquele cheiro horrível tornava o ambiente tão estranho que tive a sensação de ter entrado no lugar errado. Mas não, ali estava a prova: a minha mesa com meu copo azul de tomar água.
Olhei em torno, mas não havia ninguém. Escutei o ruído de uma mão virando um papel. O barulho vinha da sala da chefe. Abri a porta e dei de cara com ela. Mordida de curiosidade, perguntei:
- O que houve aqui? Não tem ninguém hoje!
- Um segurado veio aqui e fez uma coisa que só o Presidente da República pode fazer.
- O quê?
- Decretou feriado.
- Como assim?
- O médico perito deu alta pra ele.
- E daí?
- E daí é que ele trouxe uma dez latas de leite ninho.
- Lata de leite ninho?!
- Cheias de cocô.
- Meu Deus!
- Atirou na cara do doutor e saiu atirando merda pra tudo quanto é lado.
- E os guardas? O que fizeram?
- Prenderam o desgraçado. Mas o estrago já estava feito.
- Todo mundo e tudo quanto é lugar ficou sujo de merda, inclusive essa cadeira que está sentada aí.
Pois foi o que aconteceu! É o que dá tirar férias e vir ao trabalho! Saí de lá mais perfumada do que banheiro de rodoviária.

Vi Babete

- Vi Babete na cozinha. Ela estava bonita, do mesmo jeitinho de antes de ter filho.
Foi o único ser vivo que vi depois de morto.
- Mas Babete não era sua cadela?
- Sim, uma vira-lata original.
- Isso quer dizer que animal tem espírito?
- Não sei. Mas que vi ela na cozinha, isso eu vi.

Um louva-a-deus

- Matei um louva-a-deus.
- Como você fez isso? O bichinho é tão bonitinho!
- Ele estava comendo minha roseira, então fui lá e, chi-chi, com o veneno.
- E ele caiu mortinho!
- Não. Ele sumiu. Suponho que morreu.
- Sabe que existia um lutador de kung fu que se chamava louva-a-deus?
- Não.
- Esse homem foi muito famoso. Porém estava numa fase de franca decadência quando presenciou a briga de um louva-a-deus com uma cigarra. Isso mudou sua vida.
Depois de observar como lutava o louva-a-deus, o mestre aprendeu novos golpes e voltou a brilha, por isso adotou esse nome.
- Então, o louva-a-deus é um bom professor de kung-fu?! Vou criar uns no meu jardim e chamar uns alunos pra lá. Mas se ele continuar comendo minha roseira, vou lá e, chi-fu, corto as asas dele.