sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Praticando

Propus-me fazer o exercício 1. , ou seja, descreva a luz... e me lembrei da luz de Manaus, mas a lembrança que tenho da luz de Manaus pode ser que não tenha nada a ver com a qualidade da luz daquela cidade, pode ser que seja apenas a luz que guardo na mente, que me dava uma sensação de grandiloqüência.
Nossa relação com os lugares, como dizia Roland Barthes a respeito de nossa ligação com os livros, é sempre pelo esquecimento. Então o que temos em mente não é a memória, mas sim sensações muito particulares, que nos fazem saber que esquecemos do nome de uma praça, de um edifício, de uma rua.
Como disse, a luz de Manaus era uma luz grandiloquente, que queimava a minha pele e trespassava-a esquentando os meus vasos sanguíneos. Fazia a água em meu corpo evaporar-se e doía nos olhos quando a enfrentava sem meus óculos escuros.
Mas à medida que a tardinha ia chegando, a luz ia se tornando esverdeada, até adquirir um tom fumê, pesado e morno. A luz de Manaus era um artista de talento dramático, que tingia o céu de prata, de vermelho, amarelado, salmão, rosáceo, cor de chumbo. Era um pintor de aquarela.

A PRÁTICA DA ESCRITA

Compilei do livro "Escrevendo com a Alma" (Natalie Goldberg) uma lista de idéias para ajudar na prática da escrita, aqui vão:
1. Fale sobre o tipo de luz que entra por sua janela. (...) ou seria melhor escrever sobre a luz da região norte.
2. Comece com "Eu me lembro". Enumere pequenas lembranças. (...) Se a coisa emperrar, apenas repita a frase "Eu me lembro" e continue onde parou.
3. Pense em algo que desperte em você sentimentos fortes.
4. Escolha uma cor - rosa, por exemplo - e faça uma caminhada de quinze minutos. Enquanto caminha, repare em tudo o que for cor-de-rosa. Volte e escreva durante outros quinze minutos.
5. Procure lugares diferentes para escrever.
6. Descreva como é a sua manhã. (...) Desacelere o pensamento e repasse todos os detalhes da manhã.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ainda sobre o trabalho da escrita

Ia escrever o título e pensei em tratar a escrita como uma arte, mas logo substituí o vocábulo "arte" por "trabalho", pois quero mesmo retirar da escrita, não a sua característica de arte, o que indubitavelmente ela é, mas o seu sentido ascético, etéreo, mágico e recuperar o seu sentido mais imediato, que é o de trabalho, labor, labuta, suor, fadiga, treino. Aprender a escrever requer prática, esforço, disciplina, dedicação. É como disse Katagiri Roshi:
"Sua pequena vontade não faz nada. É Preciso uma Grande Determinação."
(citado por Natalie Goldberg)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Escrevendo com a Alma

"Escrevendo com a Alma", livro de Natalie Goldberg, publicado na década de 80, contêm valiosas dicas para quem quer ser escritor. O livro é bom, mas comete o mesmo pecado em que são viciados os escritores de auto-ajuda norte-americanos, contar casos, ilustrar cada pensamento, como se o leitor não fosse capaz de atingir o pensamento abstrato. Por outro lado, acho que é um truque para encher páginas e mais páginas. Também tem o vício mais comum dos livros de auto-ajuda, adota aquele tom de homilia, de catecismo, como se fôssemos pessoas más, e o escritor um ser superior, que vem nos ensinar, nos orientar a ser melhor. Mas. pelo jeito, ainda existe muito adulto que gosta de aula de catecismo.
De todo aquele amontoado de páginas, achei dicas interessantes, que destaco:
"O elemento básico da prática de escrever é o exercício com tempo determinado. Você pode estabelecer seu limite de dez minutos, vinte minutos ou uma hora. (...)
1. mantenha a mão em movimento. Não pare para reler a linha que acabou de escrever. Isso é retardar e tentar controlar o que você está dizendo.
2. Não rasure (delete). Isso é editar enquanto escreve. Mesmo que escreva algo que não pretendia escrever, deixe como está.
3. Não se prenda a ortografia, pontuação, gramática. Tampouco de prenda às margens ou às linhas da página.
4. solte o controle.
5. Não pense. Não tente ser lógico.
6. Pegue na veia. Se surgir algo muito forte ou muito chocante no seu texto, mergulhe fundo."

Sobre a Velhice e a arte

Gilles Deleuze e Felix Guattarri tiveram a sorte de construir uma amizade que durou a vida inteira. Juntos pensaram e escreveram.
No finalzinho de suas vidas, início da década de 90, eles publicaram um livro refletindo sobre aquilo que haviam feito a vida inteira: filosofia. O livro foi intitulado: "O que é Filosofia?" É um livro muito bonito, cheio de declarações sobre a amizade, o amor, o porvir, a velhice.
Entao, já na velhice, eles percebem que antes dela nao tinham tempo de refletir sobre aquilo que haviam feito a vida inteira. Enfim puderam perguntar: mas o que é isso que fiz toda a minha vida? E concluem:
"Há casos em que a velhice dá, nao um eterna juventude mas, ao contrário, uma soberana liberdade, uma necessidade pura em que se desfruta de um momento de graça entre a vida e a morte, e em que todas as peças da máquina se combinam para enviar ao porvir um traço que atravesse eras. Ticiano, Turner, Monet. Velho, Turner adquiriu ou conquistou o direito de conduzir a pintura por um caminho deserto e sem retorno que nao se distingue mais de uma última questão."

Inteligência e Generosidade

Generosidade é uma palavra tão longa assim como é imenso o seu sentido, ela é um rio de aguas calmas que vai verdejando a paisagem em silencio, vai retirando a aridez da terra, levando a vida, fertilidade, beleza, alegria.
Depois de muitos anos de vida, e depois de muitos anos pensando que a qualidade mais preciosa das pessoas é a inteligencia, descubro que não é nada disso, o mais importante nao é ser inteligente, o MAIS IMPORTANTE É SER GENEROSO.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Amor & Conhecimento

Existem aquelas pessoas que encontramos pela primeira vez e que temos a impressão de que as conhecemos de uma indistinta época, e nos despertam a mesma sensação de felicidade e emoção que temos quando reencontramos um velho amigo. Foi o que senti quando encontrei as minhas amigas e amigos mais queridos.
Penso que existem aquelas pessoas que já amamos antes de conhecê-las, pois já as conhecemos sem que tenhamos com elas convivido. Existe um racionalismo que prega que para amar é preciso conhecer, concordo, mas como toda regra tem exceção, há aquelas pessoas que nos poupam do trabalho do conhecimento e que amamos intuitivamente.
Pode parecer pouco romântica a comparação que vou fazer, mas existem pessoas que amo de imediato da mesma forma que amo os cães, os gatos, que vejo na rua, os pássaros, as flores que vejo nos jardins, e até mesmo aquelas mulas maltratadas que vejo puxando carroças.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A carona e a promessa

Estou pegando carona na promessa da Jeanne e me esforçando para fazer todas as tarefas da oficina literária e publicar os textos produzidos aqui.
Esses textos estão sendo feitos sem a dedicação que mereciam, às pressas, mas creio que está melhor assim do que deixar de honrar com a promessa.
É isso.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Tentação Proustiana

Sempre penso que vou ter tempo para amenidades, que vou ter tempo para responder meus e-mails, para escrever neste blog. Mas, na verdade, não é falta de tempo, mas sim ter cabeça para pensar em sentimentos delicados, em cultivar o meu lado afetivo que anda quase anestesiado, e quase me sinto perigosamente tentada a viver como Marcel Proust, não ter vida social, não ter amores, e me dedicar só ao trabalho e à escrita. Mesmo que não tenha nenhuma certeza quanto ao meu talento para escrita. Não tive nenhuma tia rica que me deixasse a herança para que eu pudesse escrever sem preocupações financeiras, como Proust, então tenho que conciliar o meu trabalho, que é super desgastante, que me obriga a pensar no mundo material, no reino das necessidades que quase me sinto aprisionada por ele.
Talvez quando chegar o reino da liberdade, do tempo livre, eu me sinta cansada e velha demais e com a criatividade esgotada, não sei, e sem esse maravilhoso estímulo que é pensar que se tem uma vida pela frente.
Oh, Santo Marcel Proust, já que não herdei uma fortuna, ajuda-me a suportar a minha fadigosa sina.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Dor de Barriga e a Autocura

Depois de passar 24 horas tentando me curar de uma dor de barriga pelo processo de autocura (muita água, chá, pensamento positivo, relaxamento, caminhada, luz solar)
Parto para a medicina tradicional (luftal e estomazil)
E fico curada em 1/2 hora.
É, uma farmácia faz mais milagre que todas as igrejas juntas.