terça-feira, 3 de abril de 2012

Sidarta, Hermann Hesse

Sidarta, Hermann Hesse
(1877-1962)
Tradução: Herbert Caro
52ª edição (revisada)
Editora Record 2009


SEGUNDA PARTE
Kamala
Sidarta se apraz com o canto dos pássaros, com o zumbido das abelhas, o murmúrio dos regatos. Todos esses fenômenos que outrora tinham-se afigurado como um véu falaz, passageiro, estendido diante de seus olhos e que apenas merecesse desconfiança. Agora ele sentia um acolhimento pelo mundo. P. 61/62
Reflete que quem matasse o eu casual dos sentidos, e, em compensação, alimentasse o eu igualmente casual do pensar e da erudição não alcançaria nenhum objetivo. P. 63
Conclui que era preciso ouvir os dois, brincar com ambos, sem desprezá-los ou superestimá-lo. P.64
O encontro com o balseiro que fala a Sidarta do que aprendeu com o rio.
Na noite em que dorme na cabana do balseiro, Sidarta sonha com uma mulher, pela qual se sente atraído sexualmente.
Mais tarde, Sidarta se encontra com a jovem que lavava roupas que provoca desejo concupiscente. Apesar do desejo sexual, Sidarta recua.
O encontro com Kamala
Kamala passa num bosque dentro de uma liteira conduzida por quatro homens e coberta de um baldaquim de muitas cores, ela estava sentada num coxim vermelho.
“Sob a alta torre de cabelos negros, avistou um semblante muito claro, bem delicado, bastante inteligente, com a boca rosa, como um figo recém-cortado. Cuidadosamente pintadas, arqueavam-se as sobrancelhas. A mirada dos olhos escuros relevava siso e vigilância. Alvo e comprido, o pescoço saía do corpete verde e jade. As mãos brancas e graciosas, delgadas, repousavam, imóveis, e largos braceletes de ouro adornavam os pulsos.” P. 68
Sidarta soube que aquela era a célebre cortesã Kamala.
Depois de barbear-se, cortar o cabelo, arranjar o penteado, untar-se com olhos finíssimos e banhar-se no rio, foi procurar Kamala. Ele pede-lhe que seja sua amiga e mestra.
Kamala explica-lhe como devem ser os jovens que a visitam: andam bem vestidos, calçando sapatos elegantes. Tem cabelos perfumados e dinheiro no bolso.
p.71
o 1º ensinamento de Kamala:
O amor pode-se mendigar, comprar, receber de presente, mas nunca roubar pela força. P. 72
Que é que sabes fazer? – Pergunta Kamala.
– Sei pensar. Sei esperar. Sei jejuar.
– Nada mais?
– Sei ainda fazer poesia. P. 73
“Faz bem quem imolar tudo aos deuses. Mas melhor ainda quem sacrificar à bela Kamala.”
– Sim, sei dar beijos e por isso não me faltam vestidos, sapatos, pulseiras e todas as outras coisas bonitas. P. 74
Sidarta sabe ainda ler e escrever.
Sidarta é apresentado a Kamasvami, o comerciante mais rico da cidade.
Sidarta explica o valor de suas habilidades: pensar, esperar e jejuar.
Uma pedra que atirares na água dirige-se ao fundo pelo caminho mais rápido. O mesmo sucede cada vez que Sidarta tem um objetivo, um propósito. Sidarta não faz nada. Apenas espera, pensa e jejua. Mas passa através das coisas deste mundo como a pedra passa pela água, sem mexer-se, sentindo-se atraído, deixando-se cair. Sua meta puxa-o para si, uma vez que ele não admite no seu espírito nada que se possa opor a ela. P. 78
Todas as pessoas são capazes de atingir seus objetivos, desde que saibam pensar, esperar e jejuar. (Isto é, todas as pessoas que conseguem dominar as paixões, no sentido platônico).

Entre os homens tolos
Sidarta torna-se empregado de Kamasvami.
O comerciante o encarregou da redação das cartas e contratos de grande importância.

Vocabulário:
“Om”, a palavra das palavras, que quer dizer “o presente, o passado e o futuro”, é o mundo inteiro expressado por uma única sílaba e, ainda, tudo quanto pode existir fora dos mencionados três tempos.
Átman – literalmente fôlego. Em sentido figurado: a força vital, a personalidade, o eu, a alma, o princípio da vida.
Rig-Veda: coleção de hinos, o primeiro dos quatro livros sagrados do hinduísmo.
Sama-Veda: o terceiro dos hinos sagrados hindus.
Upanixades: tratados filosóficos em prosa e verso, constituem o comentário do Rig-Veda.
Brama: substantivo neutro que significa primitivamente fórmula mágica. Mais tarde assumiu o sentido da força imanente à cantiga religiosa, para, finalmente, nos upanixades, referir-se à alma universal, à força eterna, infinita, que cria e conserva o mundo.
Satiam: verdade
Nirvana: extinção da individualidade, emancipação final.
Mara: literalmente: morte, destruição. Em sentido figurado: o demônio, o tentador.
Maia: na terminologia brâmane é matéria imperecível, preexistente em todas as coisas, e da qual se servem os deuses para criar as formas aparentes, irreais, falazes. Assim se torna sinônimo de ilusão, magia, feitiço.
Esteira de ráfia
E as estrelas singravam pelo céu.
Cevando o ventre
Passeava pelas sendas rosadas do figueiral
Sentado na penumbra azulada do bosque da contemplação,
Fonte jucunda
Jucundo - que manifesta alegria, feliz, jovial, vivo, que transcorre de modo agradável, suave.