Oscar Niemeyer não veio!
Eu sabia. Tinha uma esperança vã. Aquele tipo de esperança que não tem nenhum fundamento. Você não tem nenhuma razão apra acreditar que a coisa vá acontecer.
Chegamos no espaço Oscar Niemeyer antes das 19 horas. O garçom servia água.
Depois de cerca de meia hora ali, eu já estava com a barriga cheia de água.
Perguntei ao garçom se ia ser servido água a noite inteira. Ele me respondeu sigilosamente que não. Verdade. Serviram o coquetel. Canapés, canapés, salgados. E eu e minha amiga comendo.
O mesmo garçom me avisou que o melhor estava por vir. Verdade. Ele serviu camarão e bacalhau. Mas quem disse que a porção de água que consumi juntamente com os salgadinhos me deixaram comer mais alguma coisa...
Uma repórter ensaiava, ela errava, repetia e dizia um texto tosco. Entrevistou autoridades, ou melhor, fez-lhes uma pergunta. Ficou olhando para o técnico que a filmava e gesticulava para ele, sequer ouviu o que o entrevistado lhe disse. Depois sorriu um sorriso falso e agradeceu.
O evento era o lançamento da revista "Nosso Caminho", idealizada pelo Niemeyer. É toda em preto e branco, com muitas fotos e muitos textos do Niemeyer.
A capa é a foto da futura torre digital de Brasília. Um monumento que me lembrou o farol de Alexandria. Parece uma tulipa com duas pétalas. Em cada uma delas há um salão como uma bolha, de onde o visitante terá uma visão panorâmica de Brasília.
Naquele clima esfusiante entraram alguns estudantes com cartazes e fotos de índios. Um deles dizia: "Nosso caminho não é o noroeste". Outro perguntava: "Especulação imobiliária estava no plano original de Brasília?"
E quando o governador entrou no salão, os estudantes se aglutinaram em torno dele. As luzes das câmaras foram acesas. O governador, ao lado de sua bela esposa, distribuiu sorrisos e apertos de mãos e não disse nada.
E assim com os estudantes vi que o espírito do Oscar Niemeyer estava presente naquele salão.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
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