domingo, 24 de junho de 2012

Diário de Viagem – Parte I – Lima - Peru - jun 2012

Diário de Viagem – Parte I – Lima - Peru 15/06/2012 - viernes, Lima – Peru.
No tradicional city tour em Lima,
Visitamos:
a Plaza de Armas ou Plaza Mayor, onde ficam a Catedral de Lima, o Palácio do Governo e o conjunto de casarões amarelos do período colonial.
A Catedral de Lima domina o lado leste da praça. É uma construção em estilo barroco renascentista. Tem cinco naves e dez capelas laterais. Os altares e as imagens são revestidos em ouro. O suporte do altar maior é de ouro maciço e parte em prata. Numa das capelas estão depositados os restos mortais de Francisco Pizarro.
Um quadro informativo chama a atenção: apresenta o esqueleto do mesmo Francisco Pizarro, mostrando os pontos dos 16 golpes com que foi assassinado. Diante desse quadro toda a ambição política parece fútil.
Então, tudo o que restou da ambição, da audácia e da intrepidez do maior conquistador da América do Sul foi um esqueleto com 16 estocadas?! Esse é um quadro que todo político deveria ter em casa para todo dia contemplar.
Há ainda uma curiosa tela de fundo dourado, identificada por “Los 13 compañeros de Francisco Pizarro, los de la fama”. No centro do quadro, num mosaico prateado compondo um pergaminho, estão escritos os nomes dos 13 companheiros de fama e glória de Pizarro.
A catedral possui uma rica coleção de pinturas.
Convento São Francisco, o Grande,
No edifício predomina a cor amarela. (Os sobrados ao redor da Plaza de Armas também são da cor amarela, o que dá a ideia de conjunto). A arquitetura do Convento combina várias tendências, desde o barroco, o que se percebe na fachada da Igreja; com detalhes de construções tipicamente espanholas, como os azulejos azuis originais de Sevilha; e ainda a influência árabe, o que se nota por seus pátios de colunas em forma de delgados arcos. Algumas das paredes do Convento deixam ver monólitos, herança das construções incas.
A enigmática Biblioteca do Convento, abarrotada de manuscritos e livros centenários que ninguém consulta ou lê, continua iluminada por suas quatro claraboias, dispensando a iluminação elétrica. Possui duas escadas espiraladas que levam às bancadas suspensas, ao longo do comprimento de cada lado, como um segundo piso, deixando o vão central totalmente livre. É sobre esse vão que incide a luz das claraboias.
Catacumbas
Em minha opinião, o mais impressionante da visita ao Convento São Francisco, o grande, é a descida às catacumbas. Quando as visitei em 2010, havia uma parca iluminação, somente após alguns segundos se podia discernir os ossos em meio à penumbra. Agora tudo é escandalosamente claro, o que não combina com a atmosfera lúgubre do local. Os restos mortais ficam expostos como que objetos numa vitrine. Não gostei dessa mudança. Para mim, a escuridão se estendia como um respeitoso véu sobre o ossário, protegendo os mortos de serem vistos a olho nu. As catacumbas reúnem os ossos de milhares de pessoas, segundo o guia, chega perto de 70 mil. As catacumbas ficam no subterrâneo da capela do Convento. O local mais inesquecível das catacumbas é o poço que reúne os crânios. Este possui mais de 10m de profundidade. Existem crânios guardados em nichos ao longo das paredes do poço e aos montões no fundo.
20h horário de Lima – No restaurante Junius
Por uma sugestão do guia, fomos jantar no restaurante Junius, o que nos custou US$ 47,00. Além de buffet livre, postres (sobremesas), o ingresso dava direito a show com bandas locais e espetáculo de danças folclóricas.
No cardápio: cebiche, truta e frutos do mar.
Bebidas: viño, cerveza cusqueña, pisco sour e chicha morada
A banda canta e toca tambores, violão, quenas, flautas e guitarras. Casais de dançarinos em trajes típicos apresentam várias danças. O colorido de seu figurino é chamativo, os tons vermelho e dourado se destacam. Suas danças são belas, alegres e me parecem contidamente sensuais.
Depois que os dançarinos deixam o palco, entra um ator vestido como o imperador, o Inca, talvez Atahualpa, o último imperador inca, ou Manco Capac, o primeiro.
Em seguida, entra um ator fantasiado de cavaleiro, montado no seu cavalo de pau, ao seu lado, baila uma moça branca, talvez representando um casal espanhol.
A música torna-se tensa, entra um ator fantasiado de condor, um dos animais sagrados dos incas. O condor era adorado pelos incas por ser considerado o mediador entre o céu e a terra, o mensageiro divino entre os homens e os deuses.
Seja por seu exotismo (comparado com a cultura de massa), seja por amarem suas raízes, noto que os limenhos cultivam mais suas raízes pré-colombianas que espanholas. Mas, no momento em que penso nisso, entra um grupo de violinista e um harpista, acompanhados de um casal de dançarino, suas fantasias são cheias de detalhes dourados, como que feita em ouro. O ouro que tanto amava o espanhol colonizador. Dizem que os incas queriam o ouro apenas para com ele venerar o deus Sol, Inti, enquanto os espanhóis o queriam por que o amavam em si mesmo. Isso Atahualpa não compreendia.
Por fim, entram dois rapazes, suas fantasias prateadas, com detalhes vermelhos, resplandecem à luz ambiente, eles dançam ao mesmo tempo em que simulam uma luta utilizando tesouras. Não compreendi nada dessa apresentação.
Essa noite chegou perto daqueles momentos em que se tem vontade de eternizar.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Sidarta, Hermann Hesse

Sidarta, Hermann Hesse
(1877-1962)
Tradução: Herbert Caro
52ª edição (revisada)
Editora Record 2009


SEGUNDA PARTE
Kamala
Sidarta se apraz com o canto dos pássaros, com o zumbido das abelhas, o murmúrio dos regatos. Todos esses fenômenos que outrora tinham-se afigurado como um véu falaz, passageiro, estendido diante de seus olhos e que apenas merecesse desconfiança. Agora ele sentia um acolhimento pelo mundo. P. 61/62
Reflete que quem matasse o eu casual dos sentidos, e, em compensação, alimentasse o eu igualmente casual do pensar e da erudição não alcançaria nenhum objetivo. P. 63
Conclui que era preciso ouvir os dois, brincar com ambos, sem desprezá-los ou superestimá-lo. P.64
O encontro com o balseiro que fala a Sidarta do que aprendeu com o rio.
Na noite em que dorme na cabana do balseiro, Sidarta sonha com uma mulher, pela qual se sente atraído sexualmente.
Mais tarde, Sidarta se encontra com a jovem que lavava roupas que provoca desejo concupiscente. Apesar do desejo sexual, Sidarta recua.
O encontro com Kamala
Kamala passa num bosque dentro de uma liteira conduzida por quatro homens e coberta de um baldaquim de muitas cores, ela estava sentada num coxim vermelho.
“Sob a alta torre de cabelos negros, avistou um semblante muito claro, bem delicado, bastante inteligente, com a boca rosa, como um figo recém-cortado. Cuidadosamente pintadas, arqueavam-se as sobrancelhas. A mirada dos olhos escuros relevava siso e vigilância. Alvo e comprido, o pescoço saía do corpete verde e jade. As mãos brancas e graciosas, delgadas, repousavam, imóveis, e largos braceletes de ouro adornavam os pulsos.” P. 68
Sidarta soube que aquela era a célebre cortesã Kamala.
Depois de barbear-se, cortar o cabelo, arranjar o penteado, untar-se com olhos finíssimos e banhar-se no rio, foi procurar Kamala. Ele pede-lhe que seja sua amiga e mestra.
Kamala explica-lhe como devem ser os jovens que a visitam: andam bem vestidos, calçando sapatos elegantes. Tem cabelos perfumados e dinheiro no bolso.
p.71
o 1º ensinamento de Kamala:
O amor pode-se mendigar, comprar, receber de presente, mas nunca roubar pela força. P. 72
Que é que sabes fazer? – Pergunta Kamala.
– Sei pensar. Sei esperar. Sei jejuar.
– Nada mais?
– Sei ainda fazer poesia. P. 73
“Faz bem quem imolar tudo aos deuses. Mas melhor ainda quem sacrificar à bela Kamala.”
– Sim, sei dar beijos e por isso não me faltam vestidos, sapatos, pulseiras e todas as outras coisas bonitas. P. 74
Sidarta sabe ainda ler e escrever.
Sidarta é apresentado a Kamasvami, o comerciante mais rico da cidade.
Sidarta explica o valor de suas habilidades: pensar, esperar e jejuar.
Uma pedra que atirares na água dirige-se ao fundo pelo caminho mais rápido. O mesmo sucede cada vez que Sidarta tem um objetivo, um propósito. Sidarta não faz nada. Apenas espera, pensa e jejua. Mas passa através das coisas deste mundo como a pedra passa pela água, sem mexer-se, sentindo-se atraído, deixando-se cair. Sua meta puxa-o para si, uma vez que ele não admite no seu espírito nada que se possa opor a ela. P. 78
Todas as pessoas são capazes de atingir seus objetivos, desde que saibam pensar, esperar e jejuar. (Isto é, todas as pessoas que conseguem dominar as paixões, no sentido platônico).

Entre os homens tolos
Sidarta torna-se empregado de Kamasvami.
O comerciante o encarregou da redação das cartas e contratos de grande importância.

Vocabulário:
“Om”, a palavra das palavras, que quer dizer “o presente, o passado e o futuro”, é o mundo inteiro expressado por uma única sílaba e, ainda, tudo quanto pode existir fora dos mencionados três tempos.
Átman – literalmente fôlego. Em sentido figurado: a força vital, a personalidade, o eu, a alma, o princípio da vida.
Rig-Veda: coleção de hinos, o primeiro dos quatro livros sagrados do hinduísmo.
Sama-Veda: o terceiro dos hinos sagrados hindus.
Upanixades: tratados filosóficos em prosa e verso, constituem o comentário do Rig-Veda.
Brama: substantivo neutro que significa primitivamente fórmula mágica. Mais tarde assumiu o sentido da força imanente à cantiga religiosa, para, finalmente, nos upanixades, referir-se à alma universal, à força eterna, infinita, que cria e conserva o mundo.
Satiam: verdade
Nirvana: extinção da individualidade, emancipação final.
Mara: literalmente: morte, destruição. Em sentido figurado: o demônio, o tentador.
Maia: na terminologia brâmane é matéria imperecível, preexistente em todas as coisas, e da qual se servem os deuses para criar as formas aparentes, irreais, falazes. Assim se torna sinônimo de ilusão, magia, feitiço.
Esteira de ráfia
E as estrelas singravam pelo céu.
Cevando o ventre
Passeava pelas sendas rosadas do figueiral
Sentado na penumbra azulada do bosque da contemplação,
Fonte jucunda
Jucundo - que manifesta alegria, feliz, jovial, vivo, que transcorre de modo agradável, suave.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Três Lições para Administrar o Tempo

Como você se sente em relação ao tempo? É seu escravo ou senhor? É seu inimigo ou aliado?
A maioria das pessoas reclama da falta de tempo. Mas será que é tempo o que lhes falta ou método para manejá-lo?
Em 1736, Benjamim Franklin cunhou a famosa frase:
"Tempo é dinheiro".
De outro ponto de vista, Karl Marx afirmou que a riqueza capitalista se baseia no "furto do tempo de trabalho alheio".
Mas fora de toda a discussão filosófica, não há dúvida de que o tempo é um recurso, de que o tempo nos pode ser furtado, que é uma energia que não se repõe.
Por isso vou apresentar três lições de como tornar o tempo nosso aliado e fazê-lo correr a nosso favor.


A administração do tempo parte de um princípio básico: gastar tempo para ganhar tempo. Oito minutos de planejamento é igual a uma hora de ganho.
A primeira lição para aprender a administrar o tempo é:
1) Descubra como você usa seu tempo
Examine a questão honestamente com perguntas como esta: Quanto tempo gasto com telefone, internet, tevê?
Avalie seu comportamento honestamente e identifique em que está desperdiçando o seu tempo.
2) Estabeleça seus objetivos e metas
Aonde você quer chegar no longo, médio e curto prazo?
Por exemplo: Maria quer se tornar uma escritora dentro de cinco anos (médio prazo).
O que ela deve fazer no curto prazo? Escrever metade de um romance em um ano.
3) Antecipe e Planeje
Você tem a sensação de que está sempre à mercê das circunstâncias? Se isso acontece é porque não está fazendo um adequado planejamento de seu tempo.
Faça um planejamento casado com seus objetivos, no longo, médio e curto prazo, nos vários aspectos de sua existência.
Por exemplo: Se Maria tem como objetivo ser escritora, deve planejar seu trabalho de escrita.


Conclusão
Essas três regras são apenas o começo para aprender administrar o tempo. Tente colocá-las em prática, até que administrar seu tempo se torne um hábito.
Pode ser que você não se torne um cientista da magnitude de Benjamin Franklin ou tão célebre como Karl Marx, mas poderá conseguir tempo livre para pensar, criar ou simplesmente ficar mais tempo com sua família e amigos.
Ter consciência de como utilizamos nosso tempo, estabelecer objetivos, planejar nossa vida e as atividades de nosso dia a dia é o começo da aprendizagem da administração do tempo.
Contudo, ser capaz de administrar o tempo não é uma questão de aprender técnicas e sim de aplicá-las.
Se você já tentou e não conseguiu, persista, até que administrar seu tempo se torne um hábito.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A Mulher e o Amor, Uma relação necessária

Anotações – Rai – Palestra:
A Mulher e o Amor, Uma relação necessária
Palestrante: Lúcia Helena Galvão
Nova Acrópole – Lago Norte
08 de março de 2012
Existem virtudes próprias do feminino
Existem virtudes próprias do masculino

O que vem a ser a felicidade para a mulher?
Primeiro preciso saber quem sou. É uma questão de identidade.
(Quem sou – identidade)
Segundo, preciso saber onde estou e para onde vou.
Onde estou? Para onde vou?
A polaridade masculino/feminino– superestimamos o masculino e subestimamos o feminino. É necessário subir o fiel da balança para que se equilibrem.
No palco da vida, vivemos um papel.
No teatro grego, a máscara tinha a forma de cone, o cone projetava a voz.
Temos que cuidar para que as aparências não nos escravizem. Porém, devemos perguntar: O que posso aprender com o papel feminino? Como ser humano me foi dada a oportunidade de viver esse papel.
O que seria a realização do feminino? (Essa pergunta será respondida mais tarde)

A DUALIDADE: O universo é dual por definição
Escuro/luminoso
Tao/movimento
ying/yang/
A harmonia se constrói por oposição
A dualidade cósmica – quando elementos diferentes se conciliam surge a harmonia.
As coisas no mundo material manifestam-se na dualidade – as sombras correm atrás da ideia, que é a evolução.
Visualize o ideal masculino e o ideal feminino
Antigamente existiam os códigos de honra – propunham um ideal.

A questão não é o que você faz, mas como se faz.

CARACTERÍSTICAS DO FEMININO
Centro -
As sacerdotisas ou gestais guardavam o fogo no Templo, em Roma. O fogo central em nome do que as coisas eram feitas. O império Romano se expandia em torno do centro.
A preservação do centro era feminino.
O masculino gerava para ambos o movimento de espiral: evoluir.
O movimento de espiral representa o eterno retorno. A cada nova experiência, nos aproximamos mais do centro.

A potencialidade de se sobrepor às circunstâncias é aumentada quando existe harmonia entre o masculino e o feminino.

Consolidação
O ideal masculino expande,
O ideal feminino consolida
É como uma escada, combina o vetor vertical (masculino) com o horizontal (feminino) consolida a altitude, assim é alcançada a ascensão.
O adensamento/prevalência do masculino torna o homem predador em relação à natureza.
O exemplo de uma obra que combina a polaridade masculina e feminina: o afresco de Michelangelo na capela Sistina, retratando Deus dando vida à Adão. A beleza da composição geral combinada com a perfeição do detalhe. Cada nervura do corpo de Adão, cada músculo, trabalhados minuciosamente.

Canalizar Virtudes
O ser humano tem canais, como um prisma.

Citação: Cada ser humano é uma parte do mistério que deixei de conhecer. Marco Aurélio (imperador romano e um dos representantes do estoicismo)
O amor é uma canalização do feminino
A mulher é a via de menor resistência para que o amor se canalize.
As funções ligadas ao ideal feminino se viram desvalorizadas, largadas no limbo.
O amor é um fator de união, é a conquista da unidade.
O amor é a recuperação da individualidade na multiplicidade.
O todo prepondera sobre a parte.
Um êxito com o outro e não contra o outro.

A união tem de começar lá em cima – espiritual
Afinidade de ideias, sonhos, espírito, não é instinto, não é corpo.

Elemento Água: nutritiva, generosa.
Maria vem de mar – água
A mulher é marcada pelo elemento água

O coração é como um prisma – irradia luz/amor em todas as direções
Para Platão o amor se realiza no bem do ser amado.

Quando o coração feminino, que foi feito para irradiar amor, se concentra numa só direção torna-se como um raio-laser, não há quem suporte. “Amo apenas meu marido, meu filho, meu namorado.” O amor torna-se possessivo, ciumento.

Disso resulta a doença coletiva do feminino: uma necessidade de afetividade que não tem oportunidade de se expressar.
Não tem necessidade tão grande de afetividade quem distribui afetividade, pois o amor quando se expressa de maneira natural basta a si mesmo.
O amor se empobrece ao esperar qualquer contrapartida.

O bem do ser amado: o bem do ser amado é o que ele necessita e não o que ele quer.
A afetividade piegas que nós temos hoje está muito mais relacionada ao egoísmo do que ao amor.
Segundo Platão, o amor mais legítimo costuma ser entre pais e filhos.
O amor não é um convite a possuir, mas um convite a se entregar.

Como posso ser um canal de expressão do amor?
O centro é a lei do universo
Autonomia
Tenho autonomia, quer dizer, não está na mão do outro decidir o que faço.
A autonomia dar dignidade
O que faz mal é a ausência de amor.
O êxito # felicidade
Hoje existe um monte de meios de comunicação, para dizer o quê?

Solidão – é a falta de si próprio.
O processo de individuação - a individualidade é tida como uma traição pela sociedade, porque o erro passa a ser pessoal, expondo a todo mundo.
A massificação não produz felicidade.
Será que o machismo é algo que se expressa apenas do lado masculino?
Não, pois independe do corpo físico para se manifestar, é uma posição que tanto pode ser assumida por mulheres quanto por homens. Infelizmente, hoje se vê que mulheres quando assumem a posição de mando são muito mais tiranas que os homens, pois elas copiam o masculino e a cópia nunca é igual, tende a ser pior.
Carência dos atributos femininos em nossa sociedade
O ideal feminino - atributos ausentes na sociedade – saudades do feminino
Ao prejudicar o feminino causamos um dano à humanidade.


Em suma: O que seria a realização do feminino?
Ser um canal para a expressão do amor,
Vivenciar seu papel no palco da vida assumindo suas características femininas;
Consolidar, aprofundar, unir, complementando o atributo masculino da expansão.
Irradiar amor como um prisma, sem esperar qualquer contrapartida.
Ser como um centro, o ponto de referência, o fogo das gestais que nunca se apaga, como o espírito de Roma, em torno do qual a humanidade se expande, evolui.

domingo, 29 de janeiro de 2012

As Seis Máximas da Cortesia ou Delicadeza

Introdução:
Você acha que os nossos aborrecimentos vêm da falta de dinheiro, de tempo ou da bagunça das cidades? Não, a maior parte de nossos aborrecimentos cotidianos vem de nossa dificuldade de comunicação.
Por isso, hoje, vou apresentar para vocês seis regras, por meio das quais podemos melhorar a nossa interação social no dia a dia.

Argumentação:
Essas regras são chamadas de máximas da polidez ou cortesia, ou máximas de Leech, por causa do estudioso da Pragmática da Comunicação que as enunciou, Geoffrey Leech (1983).
Em 1983, Geoffrey Leech analisou vários princípios conversacionais e aproximou o conceito tradicional de retórica ao de pragmática, enquanto estudo do sentido em relação às situações discursivas.

As seis máximas de Leech derivam do principio da polidez. Vejamos:

1. Máxima do Tato: minimize o custo para o outro; maximize as vantagens dele.
Considere o exemplo abaixo: “Posso interrompê-lo, professor? Se eu pudesse, gostaria de esclarecer meu ponto de vista”.

2. Máxima da generosidade (minimize os seus próprios benefícios, maximize as vantagens para o outro, o custo para você mesmo)

Exemplo: você tem um hóspede em sua casa, ele resolve arrumar a mesa, você diz: “O que é isso? Relaxe e me deixe arrumar a mesa. Você é nosso convidado e hóspede”.

3. Máxima da Aprovação (minimize a censura do outro; maximiza o elogio do outro)
Ex: “Eu assisti à sua apresentação, foi muito boa. Você fez um ótimo trabalho”.

4. Máxima da Modéstia (minimiza o elogio de si próprio; maximiza a crítica de si próprio)
O exemplo mais famoso é sobre Sócrates. Quando o oráculos de Delfos proclamou que Sócrates era o homem mais sábio de toda a Grécia, ele replicou: Quanto mais procuro saber, me dou conta que de nada sei.
5. Máxima da Concordância (minimiza o desacordo entre si próprio e o outro;
maximiza o acordo entre si próprio e o outro)
Ex: Sem dúvida, parece que é isso mesmo. Mas façamos uma correção, pois corremos o risco de não fazer uma precisa definição do assunto.

6. A máxima da simpatia: (minimiza a antipatia entre si próprio e o outro; maximiza a simpatia entre si próprio e o outro)
Ex: Ana: “Você está lendo esse livro? Você está gostando?” Bia: “Sim” . Ana: Também adorei essa obra.

Conclusão
Por fim, num mundo onde ainda predomina a aspereza, a discórdia, o insulto, pessoas que agem com polidez, com cortesia terminam, quase sempre, sendo bem recebidas em toda parte e conquistando ouvintes.
Colocando essas regras em prática, você conseguirá uma interação social muito mais harmoniosa, mais rica e mais lúdica.
Quem se comunica com polidez e cortesia revela respeito, atenção, delicadeza e consideração ao outro, além de potencializar a sua capacidade de comunicação.

Fale com o cavalo ou A Crise da Atenção

(Não sei quando comecei este texto, interrompi-o no trecho que começa a falar de Tchekhov, ponto de onde hoje recomecei, 29/01/2012)
Existe uma crise que, embora, encontremo-nos com ela em nosso cotidiano, não está na mídia. Esta crise é tão concreta quanto está passeando numa estrada tranqüila e, de repente, topar numa pedra. Mas ela muda de aspecto como um camaleão, se camufla como um urutau, por isso é difícil defini-la e mesmo notá-la.
Se a sociedade de massa estimula o individualismo, ela fez com que perdêssemos o sentido da significação individual. A importância que cada um de nós tem perante a sociedade foi diminuindo à medida que se foi difundindo a idéia de que ninguém é insubstituível, e, de fato, percebemos que o mundo continua seu curso, a despeito do desaparecimento trágico de milhares de pessoas em catástrofes naturais ou na guerra, e percebemos que isso acontecerá quando chegar a nossa vez. Provavelmente, só faremos falta para os familiares e os amigos.
Mas essa crise não é de agora e a verdade é que nenhum governo, povo, ou nação resolveu enfrentá-la. Ela virou problema para psicólogos, terapeutas, sociólogos, teólogos e, sobretudo, foi deixada aos cuidados das religiões, seitas, associações, filiações, clubes, etc.
Estava trelendo os contos de Anton Tchekhov (1860-1904), pois os contos de Tchekhov, penso eu, merecem ser relidos muitas vezes, quando me deparei com um desses personagens solitários, carentes de atenção. Solitário, não por sua índole, mas por sua invisibilidade. Com certeza, o solitário pode ser encontrado em vários contos de Tchekhov, mas o que me refiro encontra-se no conto “Angústia”, que tem o subtítulo “A quem confiar minha tristeza”.
Ele é um pobre cocheiro, rodando pelas ruas geladas de São Petersburgo, como um fantasma, completamente coberto de neve. O primeiro passageiro entra, é um militar. O cocheiro anseia por se comunicar, vai logo puxando assunto: “Pois é, meu senhor, assim é... perdi um filho esta semana.” O passageiro chega a perguntar: “De que foi que morreu?” Mas logo que o velho cocheiro se volta para entabular conversa, o militar rosna: “Dá a volta, diabo! Não está mais enxergando, cachorro velho?”
Em seguida, entram três passageiros, um deles é corcunda. Eles cobrem o cocheiro de insultos, regateiam no pagamento. O mais agressivo de todos é o corcunda. Num instante de pausa da tagarelice dos passageiros, o cocheiro balbucia: “ Esta semana... assim... perdi meu filho!” Mas os passageiros reagem dando-lhes muitas pancadas no pescoço.
Nem seria necessário, mas em determinado trecho, o isolamento de Iona, o cocheiro, é descrito: “Os olhos de Iona correm, inquietos e sofredores, pela multidão que se agita de ambos os lados da rua: não haverá, entre esses milhares de pessoas, uma ao menos que possa ouvi-lo? Mas a multidão corre, sem reparar nele, nem na sua angústia...”
Iona precisa falar da morte do filho, precisa contar como padeceu, como sofreu. E “o ouvinte deve soltar exclamações, suspirar, lamentar...”
Na falta desse ouvinte, o velho cocheiro termina contando sua triste história para o cavalo.

domingo, 9 de outubro de 2011

Fragmentos de Filosofia - Heidegger

(Extraído de Heidegger, coleção os pensadores, Nova Cultural)
Martin Heidegger (1889-1976)
Heidegger coloca como ponto de partida de sua reflexão aquele ser que se dá a conhecer imediatamente, ou seja, o próprio homem.
O filósofo deve, portanto, partir da existência humana, dasein: “ser aí”, tal como se dá imediatamente à consciência, a fim de elevar-se até o desvelamento do ser em si mesmo, último objetivo de toda reflexão filosófica.
Para Heidegger a existência humana seria constituída por três aspectos fundamentais: a facticidade, a existencialidade e a ruína.
A facticidade consistiria no fato de o homem estar jogado no mundo, sem que sua vontade tenha participado disso.
A existencialidade ou transcendência é constituída pelos atos de apropriação das coisas do mundo, por parte de cada indivíduo, designa a existência interior e pessoal. Nesse sentindo, o ser humano existiria como antecipação de suas próprias possibilidades, existiria na frente de si mesmo e agarraria sua situação como desafio ao seu próprio poder de tornar-se o que deseja. Para Heidegger, o homem está sempre procurando algo além de si mesmo; o seu verdadeiro ser consiste em objetivar aquilo que ainda não é.
O terceiro aspecto, a ruína, significa o desvio de cada indivíduo de seu projeto essencial, em favor das preocupações cotidianas, que o distraem e o perturbam, confundindo-o com a massa coletiva. O eu individual seria sacrificado ao persistente e opressivo eles. O ser humano, em sua vida cotidiana, seria promiscuamente público e reduziria sua vida à vida com os outros e para os outros, alienando-se totalmente da principal tarefa que seria tornar-se si-mesmo.
Para Heidegger, a vida cotidiana faria do homem um ser preguiçoso e cansado de si próprio, que, acovardado diante das pressões sociais, acaba preferindo vegetar na banalidade e no anonimato, pensando e vivendo por meio de idéias e sentimentos acabados e inalteráveis, como ente exilado de si mesmo e do ser.