- Sabiá canta de noite?
Dona Maricota perguntou.
- Não sabiá não canta de noite. Ele dorme.
- Pois estou ouvindo o sabiá cantar! Não está ouvindo, Mariazinha?
- Não, mamãe. Estou ouvindo um gato chato miando.
- Filha, escute. Que canto bonito! E que miado carinhoso.
- A senhora passa o dia ouvindo o sabiá e de noite o canto fica reboando na sua cabeça. Igual eco.
- Ah, é tão lindo. Que pena, filha, que não escuta. A lua está clara. Ele pensa que é dia.
- Sabiá não se engana. Pode um galo se enganar, mas os passarinhos são mais espertos.
- Tem razão.
Porém, naquele instante, o canto do sabiá tornou-se mais audível e Mariazinha também o escutou como se a ave acabasse de se empoleirar na janela do quarto.
Dona Maricota sorriu, fechou os olhos e dormiu. Foi assim que a mulher que amava plantas e animais partiu.
domingo, 26 de agosto de 2007
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3 comentários:
Muito bom!
Charles Spinoza
Véia da peste, ou sabiá da porra, sô! Mas muito bom.
Dumberto Gomes Pereira
É uma véia de constituição bruta!
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