Estava de férias, mas o que não faz o costume? Quando notei estava em frente à minha agência. Nem parecia o INSS. Não havia barulho, nem fila de gente na porta, era um silêncio, parecia que velavam um morto ali dentro. Até o segurança cochilava. Toquei no vidro e ele despertou. Abriu a porta com a má vontade típica de quem é interrompido no melhor momento do sono, por isso não puxei conversa.
Fui direto descendo as escadas no rumo de minha sala. Não consigo evitar o pronome possessivo. Mas se é ali meu habitat. À medida em que ia descendo os degraus um fedor horrível ia tomando conta de tudo.
O silêncio, as cadeiras vazias, os computadores desligados e aquele cheiro horrível tornava o ambiente tão estranho que tive a sensação de ter entrado no lugar errado. Mas não, ali estava a prova: a minha mesa com meu copo azul de tomar água.
Olhei em torno, mas não havia ninguém. Escutei o ruído de uma mão virando um papel. O barulho vinha da sala da chefe. Abri a porta e dei de cara com ela. Mordida de curiosidade, perguntei:
- O que houve aqui? Não tem ninguém hoje!
- Um segurado veio aqui e fez uma coisa que só o Presidente da República pode fazer.
- O quê?
- Decretou feriado.
- Como assim?
- O médico perito deu alta pra ele.
- E daí?
- E daí é que ele trouxe uma dez latas de leite ninho.
- Lata de leite ninho?!
- Cheias de cocô.
- Meu Deus!
- Atirou na cara do doutor e saiu atirando merda pra tudo quanto é lado.
- E os guardas? O que fizeram?
- Prenderam o desgraçado. Mas o estrago já estava feito.
- Todo mundo e tudo quanto é lugar ficou sujo de merda, inclusive essa cadeira que está sentada aí.
Pois foi o que aconteceu! É o que dá tirar férias e vir ao trabalho! Saí de lá mais perfumada do que banheiro de rodoviária.
terça-feira, 11 de março de 2008
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