Um joão de barro passeia no jardim, anda com seu passo lesto, assobia, come bichinhos, junta barro e conversa com seu par.
O gato budista espia de longe e suspira!
Que quadro mais lindo!
domingo, 25 de maio de 2008
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Criador de Cabra
Bita, bita... E lá vinham as cabras, atrás vinham os cabritinhos. Comiam uma pequena ração de milho e já estavam amigas da gente. Cabras são animais afetuosos. Se afiliam da gente. E os cabrinhos enjeitados! Aqueles que perdiam a mãe, eram criados por a gente. Era bom dar a mamadeira para os filhotinhos. Às vezes a gente segurava uma cabra mais leiteira para alimentar os cabritinhos. A cabra escondia o leite. O cabritinho batia nas tetas da cabra, puxava o ubre e sacodia o rabo de pura felicidade.
domingo, 18 de maio de 2008
Melancia
A roça tinha milho, feijão, abóbora e melancia. Na páscoa havia milho verde e melancia. A menina vinha passar a páscoa em casa. Tinha vontade de levar as melancias na barriga, de guardar consigo o seu sabor. Se pudesse levaria aquela doçura consigo. Ela ficava especialmente encantada com o melancieiro. Como frutificava naquela terra, naquele chão de pedra e cascalho. Onde havia um pouco de chão e estrume o melancieiro ia crescendo com muitas frutas. A flor pequena originava um fruto tão grande. Era desproporcional à ramagem. De onde a melancia tirava tanta açúcar e tanta água? Não sabia que a melancia era filha da poesia.
Primeiras Impressões de um Gato
O gato observa a chuva. Fica hipnotizado olhando as gotas finas caindo na grama. A chuva engrossa e ele se afasta correndo. Vem com seu miado suplicante me pedir para fazer a chuva parar. Do mesmo jeito, quando criança, eu fazia pedindo a Deus que fizesse chover. Eu pensava que deus era o manda-chuva. Agora o meu gato acha que o manda-chuva sou eu. Para ele sou Deus! Pobre gatinho, não adiantam suas preces.
domingo, 11 de maio de 2008
Sabiá Voltou!
Sabiá voltou! Se exibe com seu canto doce, enquanto tiver sol. Sabiá não gosta de chuva. A seca bateu no cerrado, ele volta!
sábado, 10 de maio de 2008
É na briga que os vizinhos melhor se conhecem!
- Como eu tava te contando, ontem briguei com o vizinho de cima por causa do barulho. O cara fazia um barulho tão grande que minha mãe escutou o estrondo pelo telefone. Eu fui lá no apartamento dele reclamar. Não deu outra. Fui na calma, queria resolver as coisas civilizadamente, mas o sujeito abriu o bocão e me disse que eu era um mal educado, que eu não sabia que ele tinha um cunhado deficiente, que dava muito trabalho cuidar de uma pessoa assim. Então eu disse: esse seu cunhado é um perneta que fica pulando numa perna só o dia inteiro? Pois pra fazer um barulho daquele só se ele passa o dia inteiro pulando feito canguru.
O cara respondeu que eu certamente não sabia o que era cuidar de uma pessoa deficiente.
Pera aí. Mas o que a deficiência de seu cunhado deficiente tem a ver com o barulho aqui.
Contei pra ele que meu pai também era deficiente. Ele respondeu: Aposto como ele anda! Aí não prestou não. - Meu pai anda de cadeira de rodas. Está prostrado. Qualquer hora pode morrer!
- E meu cunhado está muito mal. Muito mal. Tenho que cuidar dele o dia inteiro. Nisso se resume a minha merda de vida.
-Mas o barulho... o que seu cunhado tem a ver?
O síndico não resolve nada aqui. Mas eu resolvo. Ah, resolvo!
- Você está me ameçando?
- Estou, respondi. Estou lhe ameaçando, anote aí. Eu tenho umas caixas de som lá em casa. Se eu ligar aquelas caixas de som, meu, saiba que o inferno vai ser logo abaixo de você! O barulho será infernal, pode crer. Vou arrebentar com teus tímpanos.
E, aí, ele ficou caladinho. Pera aí. Vou atender o interfone. (Pausa)
Depois de alguns instantes, ele volta ao telefone:
- Era o vizinho pedindo sal emprestado. O da briga. Certamente!
O cara respondeu que eu certamente não sabia o que era cuidar de uma pessoa deficiente.
Pera aí. Mas o que a deficiência de seu cunhado deficiente tem a ver com o barulho aqui.
Contei pra ele que meu pai também era deficiente. Ele respondeu: Aposto como ele anda! Aí não prestou não. - Meu pai anda de cadeira de rodas. Está prostrado. Qualquer hora pode morrer!
- E meu cunhado está muito mal. Muito mal. Tenho que cuidar dele o dia inteiro. Nisso se resume a minha merda de vida.
-Mas o barulho... o que seu cunhado tem a ver?
O síndico não resolve nada aqui. Mas eu resolvo. Ah, resolvo!
- Você está me ameçando?
- Estou, respondi. Estou lhe ameaçando, anote aí. Eu tenho umas caixas de som lá em casa. Se eu ligar aquelas caixas de som, meu, saiba que o inferno vai ser logo abaixo de você! O barulho será infernal, pode crer. Vou arrebentar com teus tímpanos.
E, aí, ele ficou caladinho. Pera aí. Vou atender o interfone. (Pausa)
Depois de alguns instantes, ele volta ao telefone:
- Era o vizinho pedindo sal emprestado. O da briga. Certamente!
O Homem mais feliz do Mundo
O Google me parece as minas do "Rei Salomão". Fui lá e escrevi: "o homem mais feliz do mundo". Pois não é que encontrei! Isso não é incrível! Nunca pensei em encontrar o homem mais feliz do mundo. Não sei como sabem que ele é tão feliz. Parece que uns cientistas fizeram um experimento: mediram, pesaram a felicidade do homem e meio abismados descobriram que o homem havia chegado a tal grau de felicidade que era impossível não ser o homem mais feliz do mundo e, assim, por exclusão, concluíram que ele era" o homem mais feliz do mundo". Como ele se chama? Matthieu Ricard. O que ele faz para ser feliz? Tem belos pensamentos.
Ah, e alguns milhões de euros.
Ah, e alguns milhões de euros.
Orgulho de Caboclo
Orgulho de caboclo é ver a roça de melancia,
é ver o resultado da pescaria,
o filho escrevendo cartas para as moças.
É. No meu tempo, a gente fazia uns sinais nas pedras na beira do rio. Desenhava na areia, nas folhas, no tronco das árvores. Não tinha papel, não. A gente escrevia o nome da moça ao lado do nome da gente e assinava para sempre num pé de aroeira. Era mesmo que registrar no cartório.
Orgulho de caboclo é ver os filhos tudo com a barriga cheia e os melancieiros na roça, tudo maduro. Dá gosto de ver as melancias redondas no meio do roçado. Aquilo é um milagre. Um pezinho cheio de folha que dá um fruto tão grande e tão bonito. E mais ligeiro que o pé de melancia, não há! Dois meses e o pé de melancia, com duas chuvas, dá fruto. É uma vitória da natureza! Não sei de onde o pé de melancia tira tanta água, tanto vermelho e tanto doce!
é ver o resultado da pescaria,
o filho escrevendo cartas para as moças.
É. No meu tempo, a gente fazia uns sinais nas pedras na beira do rio. Desenhava na areia, nas folhas, no tronco das árvores. Não tinha papel, não. A gente escrevia o nome da moça ao lado do nome da gente e assinava para sempre num pé de aroeira. Era mesmo que registrar no cartório.
Orgulho de caboclo é ver os filhos tudo com a barriga cheia e os melancieiros na roça, tudo maduro. Dá gosto de ver as melancias redondas no meio do roçado. Aquilo é um milagre. Um pezinho cheio de folha que dá um fruto tão grande e tão bonito. E mais ligeiro que o pé de melancia, não há! Dois meses e o pé de melancia, com duas chuvas, dá fruto. É uma vitória da natureza! Não sei de onde o pé de melancia tira tanta água, tanto vermelho e tanto doce!
Impersistência da Flor
A seca está chegando. Deixe-me murchar as pétalas. Assim quase cochilando de preguiça a azaléia deixou as pétalas bater em cima dos espinhos de um cacto que resmungou com sua conhecida acidez.
- Ô, sua preguiçosa, levante de cima deu. Deixe de ser encouranhenta.
- Que é isso, seu grosso! Não me toque. Que quer dizer com essa palavra?
- Que você vai ficar dura como couro.
Mas a azaléia estava muito fraca para discussão e nem ouviu a resposta do cacto. Se envergou para o outro lado e dormiu. O cacto, no fundo, ficou muito triste, pois gostava da flor pertinho dele. Seu perfume adornava sua feição espigada e lhe dava certo romantismo.
- Ô, sua preguiçosa, levante de cima deu. Deixe de ser encouranhenta.
- Que é isso, seu grosso! Não me toque. Que quer dizer com essa palavra?
- Que você vai ficar dura como couro.
Mas a azaléia estava muito fraca para discussão e nem ouviu a resposta do cacto. Se envergou para o outro lado e dormiu. O cacto, no fundo, ficou muito triste, pois gostava da flor pertinho dele. Seu perfume adornava sua feição espigada e lhe dava certo romantismo.
Fantasma de Pelúcia
Tenho um fantasma de pelúcia que me conta segredos de outro mundo. Calma, ele não faz medo não.
Se ele me dá medo? De jeito nenhum. Deixe-me contar como ele é. Parece um gato, mas tem asa de pássaros e quando voa lembra uma pipa no céu. Se empina, rebola com o vento e dá guinas com o rabo prateado, que mais parece um cometa. Tem cara de gato, asas de pássaros, patas de coelho, barriga de gato mesmo, e um rabinho de prata. O nome dele é Rafael.
Se ele me dá medo? De jeito nenhum. Deixe-me contar como ele é. Parece um gato, mas tem asa de pássaros e quando voa lembra uma pipa no céu. Se empina, rebola com o vento e dá guinas com o rabo prateado, que mais parece um cometa. Tem cara de gato, asas de pássaros, patas de coelho, barriga de gato mesmo, e um rabinho de prata. O nome dele é Rafael.
Escrever é prática?
Um amigo meu me falou que para escrever é necessário prática, prática. Sei não. A única coisa que tenho certeza é que me tornarei mais rápida na digitação. Na dúvida, como diria meu professor de direito, "pau no réu". (Na dúvida, vou escrever.)
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