sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Tentação Proustiana

Sempre penso que vou ter tempo para amenidades, que vou ter tempo para responder meus e-mails, para escrever neste blog. Mas, na verdade, não é falta de tempo, mas sim ter cabeça para pensar em sentimentos delicados, em cultivar o meu lado afetivo que anda quase anestesiado, e quase me sinto perigosamente tentada a viver como Marcel Proust, não ter vida social, não ter amores, e me dedicar só ao trabalho e à escrita. Mesmo que não tenha nenhuma certeza quanto ao meu talento para escrita. Não tive nenhuma tia rica que me deixasse a herança para que eu pudesse escrever sem preocupações financeiras, como Proust, então tenho que conciliar o meu trabalho, que é super desgastante, que me obriga a pensar no mundo material, no reino das necessidades que quase me sinto aprisionada por ele.
Talvez quando chegar o reino da liberdade, do tempo livre, eu me sinta cansada e velha demais e com a criatividade esgotada, não sei, e sem esse maravilhoso estímulo que é pensar que se tem uma vida pela frente.
Oh, Santo Marcel Proust, já que não herdei uma fortuna, ajuda-me a suportar a minha fadigosa sina.

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