sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Praticando

Propus-me fazer o exercício 1. , ou seja, descreva a luz... e me lembrei da luz de Manaus, mas a lembrança que tenho da luz de Manaus pode ser que não tenha nada a ver com a qualidade da luz daquela cidade, pode ser que seja apenas a luz que guardo na mente, que me dava uma sensação de grandiloqüência.
Nossa relação com os lugares, como dizia Roland Barthes a respeito de nossa ligação com os livros, é sempre pelo esquecimento. Então o que temos em mente não é a memória, mas sim sensações muito particulares, que nos fazem saber que esquecemos do nome de uma praça, de um edifício, de uma rua.
Como disse, a luz de Manaus era uma luz grandiloquente, que queimava a minha pele e trespassava-a esquentando os meus vasos sanguíneos. Fazia a água em meu corpo evaporar-se e doía nos olhos quando a enfrentava sem meus óculos escuros.
Mas à medida que a tardinha ia chegando, a luz ia se tornando esverdeada, até adquirir um tom fumê, pesado e morno. A luz de Manaus era um artista de talento dramático, que tingia o céu de prata, de vermelho, amarelado, salmão, rosáceo, cor de chumbo. Era um pintor de aquarela.

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