Comentários e trechos de Sidarta,
Hermann Hesse (1877-1962)
Tradução: Herbert Caro
52ª edição (revisada)
Editora Record 2009
Primeira Parte
(Dedicada a Romain Rolland)
O filho do brâmane
Sidarta, jovem falcão, junto com Govinda, seu amigo, ambos pertencentes à casta brâmane, depois de questionar os costumes e o saber tradicional, abandona a família para se tornar samana (ascetas) .
Sidarta percebe que a sabedoria brâmane e a dos eruditos não garante uma existência feliz.
“Quem poderia, porém, afirmar que esse homem, que tanta coisa sabia, levava uma existência feliz? Não seria também ele um acossado pela sede?” p. 20
Sidarta questiona os sacrifícios e costumes:
“Por que era preciso que tal ser incensurável se lavasse diariamente de seus pecados, empenhando-se dia a dia naquela incessante purificação?” p. 20
Com os Samanas
O desejo de Sidarta: Tornar-se vazio, vazio de sede, vazio de desejos, vazio de sonhos, vazio de alegria e de pesar. (...) p. 28
Quando todo e qualquer eu estivesse dominado e morto, quando, dentro do coração, se calassem todos os anseios e instintos, inevitavelmente despertaria no seu ser a quinta-essência, o último elemento, aquilo que já não fosse o eu, o grande mistério. P. 28
Sidarta, acossado de nova sede, tornava a espreitar, qual caçador, uma lacuna que lhe permitisse esquivar-se do circuito, para descobrir o lugar onde encontrasse o fim das causas e começasse a eternidade isenta de pesares. P. 29
Sidarta aprendia com os samanas numerosos métodos de separar-se do eu. P.30
(...) No entanto, por mais que os caminhos o afastassem do eu, ao fim, sempre o reconduziam até ele. (...) sempre vinha a hora em que era novamente Sidarta.
Sidarta não está convencido de que a doutrina dos samanas é o seu caminho.
As lições que até hoje aprendi dos samanas, poderia tê-las assimilado mais depressa e com menos esforço. (...) posso aprendê-lo em qualquer tasca do bairro de meretriz, entre carroceiros e jogadores de dados. P.31
Sidarta questiona: O que é a meditação? O que é o abandono do corpo? O que significa o jejum? E a suspensão do fôlego? São modos de fugirmos de nós mesmos. Conclui ele.
São momentos durante os quais o homem escapa à tortura de seu eu. Fazemo-nos esquecer, passageiramente, o sofrimento e a insensatez da vida. P. 31.
Sidarta duvida de que, com exercícios, jejuns, meditação se possa alcançar o Nirvana.
“Mas nunca alcançaremos o Nirvana (...). Acharemos consolo, encontraremos esquecimento, aprenderemos técnicas mediante as quais nos possamos iludir. O essencial, porém, o caminho dos caminhos, jamais se nos descortina.”
Sidarta diz que consultou os brâmanes, ano por ano, e que consultou os piedosos samanas sem obter resposta. Assim, conclui ironicamente:
“Talvez, ó Govinda, fosse igualmente oportuno, sensato e proveitoso interrogar uma ave ou um chimpanzé.” P.34
Sidarta conclui que não se pode aprender nada, que existe uma única sabedoria, é o Atman, que está em qualquer criatura. P.34
Govinda, assombrado, pergunta como ficaria a santidade das orações, o que seria feito da respeitabilidade da classe dos brâmanes e da virtude dos samanas, se aquilo fosse verdade e não pudessem aprender nada. (Govinda preocupa-se com a tradição, sua educação não admite questionar o saber estabelecido).
Sidarta ouve rumores sobre Gotama, o Buda, o sábio da estirpe dos Saquias, por isso era chamado de Saquia-Muni.
Após três anos em companhia dos samanas, Sidarta e Govinda decidem abandoná-los. O decano dos samanas enfurece-se, grita e diz impropérios, demonstrando que não passa de um homem comum, o que os deixa perplexos. P.39
Gotama
Sidarta e Govinda vão ao encontro de Gotama, na cidade de Savati, para ouvirem de sua boca a doutrina. P.41
Gotama ministrava a doutrina do sofrimento, da origem do sofrimento, do caminho à abolição do sofrimento. P. 45
A vida era sofrimento; o mundo estava cheio de mágoas; mas encontrara-se a salvação capaz de livrar-nos das tristezas: achá-la-ia quem acompanhasse o caminho de Buda.
Buda ensinava os quatro axiomas fundamentais, ensinava a óctupla estrada. P. 45
Govinda solicita sua admissão ao círculo de discípulos de Buda e é aceito.
Sidarta decide separar-se do amigo, Govinda, e buscar um caminho solitário.
Antes de partir, Sidarta se encontra com Gotama. Pede licença ao Buda para lhe falar:
“Há uma coisa, ó Venerabilíssimo, que despertou em mim especial admiração, logo que conheci a tua doutrina. Nessa doutrina, tudo fica completamente claro. Tudo é demonstrado. Tu mostras o mundo sob a forma de uma corrente perfeita, jamais e nenhures interrompida, corrente eterna, constituída de causas e efeitos. Nunca, em parte alguma, isso se percebeu com tamanha nitidez, nem tampouco foi exposto tão irrefutavelmente. Realmente, os corações de todos os brâmanes deverão vibrar de alegria, quando seus olhos enxergarem o cosmo através de tua doutrina, esse cosmo fora um conjunto inteiriço, sem lacunas, límpido como um cristal, não dependente nem do acaso nem dos deuses. Se o mundo é bom ou mau, se a vida em seus confins é sofrimento ou prazer, essa pergunta pode permanecer sem resposta.
Pode ser que aquilo tenha pouca importância. Mas a unidade do mundo, o nexo existente entre todos os acontecimentos, o fato de todas as coisas, tanto as grandes como as pequenas, estarem incluídas no mesmo decorrer,na mesma lei das causas, do devir e do morrer... tudo isso, ó Augusto, ressalta luminosamente, na tua excelsa doutrina.
Mas, nessa mesma doutrina, há um único lugar em que tal unidade e lógica das coisas estejam interrompidas. (...) que não pode ser mostrado nem comprovado. Refiro-me à tua tese acerca da possibilidade de superarmos o mundo e alcançarmos a redenção. Ora, essa pequeníssima lacuna, essa brechazinha, basta para destruir e liquidar toda a unidade e eternidade da lei cósmica.” P.49
Gotama explica que o desígnio de sua doutrina não é explicar o mundo, mas a redenção do sofrimento. P.50
Sidarta contrapõe que seu raciocínio é de que ninguém chega à redenção através da doutrina.
O propósito de Sidarta – prosseguir em peregrinação, não para ir em busca de outra doutrina melhor, senão para se separar de quaisquer doutrina e mestres, a fim de que possa sozinho alcançar seu destino ou então morrer. P. 51
O despertar p. 53
Sidarta parte definitivamente, deixando para trás toda a sua vida anterior.
Sidarta cessara de sentir o desejo de ter mestres e de receber ensinamentos. Acabava de abandonar o último mestre que surgira no curso de sua jornada, o Buda.
Pergunta a si mesmo: Mas que desejaste aprender dos teus mestres e extrair dos seus preceitos? Que será aquilo que eles, que tanto te ensinaram, não conseguiram propiciar-te?
E ele encontra a resposta:
Era meu desejo conhecer o sentido e a essência do eu, para desprender-me dele e superá-lo. P. 54 (...) Realmente, nada neste mundo preocupou-me tanto quanto esse eu, esse mistério de estar vivo, de ser um indivíduo, de achar-me separado e isolado de todos os demais, de ser Sidarta!
Decide encontrar por si mesmo o sentido de sua existência e iniciar uma vida totalmente nova:
Não me deixarei orientar pelo Yoga-Veda, nem pelo Atarva-Veda, nem por ascetas, nem por doutrina alguma. Aprenderei por mim mesmo. P. 55.
Ao observar ao seu redor e se enternecer com a beleza do mundo, constata que andou deveras surdo e insensível, pois o sentido e a essência não se encontravam em algum lugar atrás das coisas, senão em seu interior, no íntimo de todas elas. P. 56
Sidarta deixa de ver o mundo dos fenômenos como ilusão. P. 56
“Chamei de ilusão o mundo dos fenômenos. Considerei meus olhos e minha língua apenas aparentes, causais, desprovidos de valor. Ora, isso passou.” P.56
segunda-feira, 14 de março de 2011
quinta-feira, 10 de março de 2011
DESAFIO DAS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO
Não há dúvida de que entrar no mercado de trabalho é o mais importante canal para a independência e a liberação das mulheres. No entanto, conhecemos a história:
as mulheres têm pouca participação nas funções mais altas e estão mais presentes nos cargos menos especializados. Estamos sub-representadas nos cargos bem pagos e excessivamente presentes nos mal pagos. No Brasil, de cada 10 cargos executivos existentes nas grandes empresas, apenas um é ocupado por mulheres.
Nós mulheres somos a maioria da população brasileira. O Censo de 2010 indica 190.732.694 de brasileiros, dos quais 97.342.162 mulheres e 93.390.532 homens, ou seja, somos 51% da população do país. Porém, as mulheres são minoria no mercado de trabalho, tendo apenas 41,9% de participação contra e 58,1% de participação masculina.
Diante desse quadro vem-nos à mente duas grandes perguntas, a primeira é:
Por que isso acontece?
Vivemos milhares de anos sob o poder masculino. Esse poder foi legitimado por uma ideologia que afirmava que a mulher era inferior ao homem, que era menos inteligente, ou que talvez nem tivesse inteligência e que por isso não podia trabalhar.
Mentira! A verdade é que as mulheres sempre trabalharam.
Antes do processo de industrialização, eram elas que pilavam todo o arroz e o milho, que descaroçavam e fiavam o algodão; que teciam e costuravam as roupas, que abasteciam a casa de água, que faziam o pão e fabricavam todos os alimentos e até o sabão!
Então, imagine: a mulher fazia o trabalho que a companhia de águas faz hoje, que a indústria de beneficiamento do arroz, do milho e do algodão; que a indústria têxtil, de vestuário e de alimentos. E em alguns lugares ainda é assim. Mas nunca foi um trabalho reconhecido pela sociedade.
Contudo, a despeito das adversidades, as mulheres ingressaram no mercado de trabalho remunerado em enorme quantidade, obtendo ganhos importantes. Todavia, em nenhuma parte a igualdade de gênero foi alcançada.
Em 2009, aproximadamente 35,5% das mulheres brasileiras estavam inseridas no mercado de trabalho como empregadas com carteira de trabalho assinada, percentual inferior ao observado na distribuição masculina (43,9%).
Embora façam 2/3 do trabalho mundial, as mulheres detêm menos de 1% das riquezas mundiais. Elas continuam sendo exploradas e constantemente são vítimas de violência e abusos.
Agora vem a outra pergunta:
De que maneira mudar esse quadro?
Através de nossa ação:
Nós mulheres temos que entrar em ação, temos que assumir uma nova postura: participação política, cobrança e luta.
Através da Capacitação e do trabalho.
As estatísticas comprovam que a mulher estuda mais, lê mais, que tem mais instrução, no entanto, continuam ganhando menos que os homens que exercem as mesmas funções. Mas isso não é motivo para nos desestimular. Temos que nos capacitar mais ainda, pois, em parte, foi graças a essa capacitação que conseguimos melhorar nossa posição no mercado de trabalho.
Existe uma secretaria no Governo Federal voltada só para as mulheres, chamada Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, contudo sentimos os reflexos de sua atuação?
Temos que cobrar junto a essa Secretaria a implementação de políticas públicas voltadas para as mulheres.
Saiu um documento do governo federal, produzido por essa Secretaria, chamado de Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Esse documento, um calhamaço de mais 237 páginas, versão compacta, pode ser encontrado na página da Secretaria, traz, entre outros objetivos das políticas para as mulheres, os seguintes:
Apoiar a realização de cursos de capacitação e qualificação técnica e gerencial para mulheres.
Realizar campanhas para ampliar o acesso de mulheres a profissões, cargos e funções historicamente ocupadas por homens.
Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres por meio da assistência técnica, do acesso ao crédito e do apoio ao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo e comércio.
Ampliar o acesso das mulheres empreendedoras no âmbito do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado do MTE. (Que programa é esse?)
Implementar o Programa Trabalho e Empreendedorismo das Mulheres.
Implementar o Programa Trabalho, Artesanato, Turismo e Autonomia das Mulheres.
Aumentar em 12%, entre 2008 e 2011, o número de crianças entre zero e seis anos de idade freqüentando creche ou pré-escola na rede pública;
Construir 1.714 creches e pré-escolas, entre 2008 e 2011;
Adotar medidas que promovam a elevação em 4% na taxa de atividade das mulheres com 16 anos ou mais, entre 2006 e 2011;
Manter a média nacional em, no mínimo, 50% de participação das mulheres no total de trabalhadores capacitados e qualificados atendidos pelo PNQ e nos convênios do MTE com entidades que desenvolvam formação profissional;
Capacitar 12.000 mulheres no âmbito do Plano Trabalho Doméstico Cidadão e articular para sua incorporação na Educação de Jovens e Adultos;
Aumentar em 30% o número de trabalhadoras domésticas com carteira assinada;
Conceder crédito especial (Pronaf Mulher) a 58 mil mulheres trabalhadoras rurais, no período de 2008 a 2011;
Ampliar a participação das mulheres no Pronaf para 35%;
Atender 29 mil mulheres em projetos de Assistência Técnica protagonizada por mulheres até 2011;
Realizar 1.500 mutirões do Programa Nacional de Documentação das Trabalhadoras Rurais, no período de 2008 a 2011;
Emitir documentação civil para 80 mil mulheres nas áreas entorno dos empreendimentos dos setores eletro, energético e mineral, em todo o território nacional;
Promover políticas de ações afirmativas no mundo do trabalho que reafirmem a condição das mulheres como sujeitos sociais e políticos, considerando as dimensões étnico-raciais;
Promover a valorização e o reconhecimento da contribuição econômica das mulheres no meio rural e nas comunidades tradicionais;
Garantir às trabalhadoras domésticas o exercício de todos os direitos trabalhistas previstos no Artigo 7º da Constituição Federal concedidos às trabalhadoras em geral;
Promover a organização produtiva de mulheres que vivem em contexto de vulnerabilidade social, notadamente nas periferias urbanas.
Etc.
Temos que cobrar o cumprimento desses objetivos.
E aonde a mulher pode se capacitar para o trabalho?
Através do ensino regular e das universidades, nos centros de aprendizagem SENAC, SENAI e nas escolas técnico-profissionalizantes.
Ou seja, as opções não são muitas. Temos que reivindicar mais centros de capacitação e o cumprimento das metas do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.
Precisamos de mais oportunidade, pois se uma mulher prospera, seus filhos também melhorarão de vida, as famílias prosperam e toda a comunidade se beneficia.
Veja o exemplo de Wangari Maathai, que ganhou o prêmio Nobel da Paz, em 2004. Ela conseguiu mobilizar as mulheres de um vilarejo no Quênia, onde já não havia mais nada. A terra estava estéril porque todas as árvores haviam sido cortadas e vendidas. Ela convence as mulheres a plantar e regar novas árvores, e, depois de seis anos, elas têm uma floresta, o solo é recuperado e a vila renasce.
O pior do preconceito é quando acreditamos nele e o aceitamos como uma verdade. Podemos combatê-lo no dia-a-dia, na escola, no bairro, na igreja, no sindicato ou no movimento social organizado. Combater o preconceito e o machismo não é apenas defender direitos iguais, é fortalecer a nossa auto-estima e melhorar a nossa inserção no mercado de trabalho.
as mulheres têm pouca participação nas funções mais altas e estão mais presentes nos cargos menos especializados. Estamos sub-representadas nos cargos bem pagos e excessivamente presentes nos mal pagos. No Brasil, de cada 10 cargos executivos existentes nas grandes empresas, apenas um é ocupado por mulheres.
Nós mulheres somos a maioria da população brasileira. O Censo de 2010 indica 190.732.694 de brasileiros, dos quais 97.342.162 mulheres e 93.390.532 homens, ou seja, somos 51% da população do país. Porém, as mulheres são minoria no mercado de trabalho, tendo apenas 41,9% de participação contra e 58,1% de participação masculina.
Diante desse quadro vem-nos à mente duas grandes perguntas, a primeira é:
Por que isso acontece?
Vivemos milhares de anos sob o poder masculino. Esse poder foi legitimado por uma ideologia que afirmava que a mulher era inferior ao homem, que era menos inteligente, ou que talvez nem tivesse inteligência e que por isso não podia trabalhar.
Mentira! A verdade é que as mulheres sempre trabalharam.
Antes do processo de industrialização, eram elas que pilavam todo o arroz e o milho, que descaroçavam e fiavam o algodão; que teciam e costuravam as roupas, que abasteciam a casa de água, que faziam o pão e fabricavam todos os alimentos e até o sabão!
Então, imagine: a mulher fazia o trabalho que a companhia de águas faz hoje, que a indústria de beneficiamento do arroz, do milho e do algodão; que a indústria têxtil, de vestuário e de alimentos. E em alguns lugares ainda é assim. Mas nunca foi um trabalho reconhecido pela sociedade.
Contudo, a despeito das adversidades, as mulheres ingressaram no mercado de trabalho remunerado em enorme quantidade, obtendo ganhos importantes. Todavia, em nenhuma parte a igualdade de gênero foi alcançada.
Em 2009, aproximadamente 35,5% das mulheres brasileiras estavam inseridas no mercado de trabalho como empregadas com carteira de trabalho assinada, percentual inferior ao observado na distribuição masculina (43,9%).
Embora façam 2/3 do trabalho mundial, as mulheres detêm menos de 1% das riquezas mundiais. Elas continuam sendo exploradas e constantemente são vítimas de violência e abusos.
Agora vem a outra pergunta:
De que maneira mudar esse quadro?
Através de nossa ação:
Nós mulheres temos que entrar em ação, temos que assumir uma nova postura: participação política, cobrança e luta.
Através da Capacitação e do trabalho.
As estatísticas comprovam que a mulher estuda mais, lê mais, que tem mais instrução, no entanto, continuam ganhando menos que os homens que exercem as mesmas funções. Mas isso não é motivo para nos desestimular. Temos que nos capacitar mais ainda, pois, em parte, foi graças a essa capacitação que conseguimos melhorar nossa posição no mercado de trabalho.
Existe uma secretaria no Governo Federal voltada só para as mulheres, chamada Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, contudo sentimos os reflexos de sua atuação?
Temos que cobrar junto a essa Secretaria a implementação de políticas públicas voltadas para as mulheres.
Saiu um documento do governo federal, produzido por essa Secretaria, chamado de Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Esse documento, um calhamaço de mais 237 páginas, versão compacta, pode ser encontrado na página da Secretaria, traz, entre outros objetivos das políticas para as mulheres, os seguintes:
Apoiar a realização de cursos de capacitação e qualificação técnica e gerencial para mulheres.
Realizar campanhas para ampliar o acesso de mulheres a profissões, cargos e funções historicamente ocupadas por homens.
Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres por meio da assistência técnica, do acesso ao crédito e do apoio ao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo e comércio.
Ampliar o acesso das mulheres empreendedoras no âmbito do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado do MTE. (Que programa é esse?)
Implementar o Programa Trabalho e Empreendedorismo das Mulheres.
Implementar o Programa Trabalho, Artesanato, Turismo e Autonomia das Mulheres.
Aumentar em 12%, entre 2008 e 2011, o número de crianças entre zero e seis anos de idade freqüentando creche ou pré-escola na rede pública;
Construir 1.714 creches e pré-escolas, entre 2008 e 2011;
Adotar medidas que promovam a elevação em 4% na taxa de atividade das mulheres com 16 anos ou mais, entre 2006 e 2011;
Manter a média nacional em, no mínimo, 50% de participação das mulheres no total de trabalhadores capacitados e qualificados atendidos pelo PNQ e nos convênios do MTE com entidades que desenvolvam formação profissional;
Capacitar 12.000 mulheres no âmbito do Plano Trabalho Doméstico Cidadão e articular para sua incorporação na Educação de Jovens e Adultos;
Aumentar em 30% o número de trabalhadoras domésticas com carteira assinada;
Conceder crédito especial (Pronaf Mulher) a 58 mil mulheres trabalhadoras rurais, no período de 2008 a 2011;
Ampliar a participação das mulheres no Pronaf para 35%;
Atender 29 mil mulheres em projetos de Assistência Técnica protagonizada por mulheres até 2011;
Realizar 1.500 mutirões do Programa Nacional de Documentação das Trabalhadoras Rurais, no período de 2008 a 2011;
Emitir documentação civil para 80 mil mulheres nas áreas entorno dos empreendimentos dos setores eletro, energético e mineral, em todo o território nacional;
Promover políticas de ações afirmativas no mundo do trabalho que reafirmem a condição das mulheres como sujeitos sociais e políticos, considerando as dimensões étnico-raciais;
Promover a valorização e o reconhecimento da contribuição econômica das mulheres no meio rural e nas comunidades tradicionais;
Garantir às trabalhadoras domésticas o exercício de todos os direitos trabalhistas previstos no Artigo 7º da Constituição Federal concedidos às trabalhadoras em geral;
Promover a organização produtiva de mulheres que vivem em contexto de vulnerabilidade social, notadamente nas periferias urbanas.
Etc.
Temos que cobrar o cumprimento desses objetivos.
E aonde a mulher pode se capacitar para o trabalho?
Através do ensino regular e das universidades, nos centros de aprendizagem SENAC, SENAI e nas escolas técnico-profissionalizantes.
Ou seja, as opções não são muitas. Temos que reivindicar mais centros de capacitação e o cumprimento das metas do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.
Precisamos de mais oportunidade, pois se uma mulher prospera, seus filhos também melhorarão de vida, as famílias prosperam e toda a comunidade se beneficia.
Veja o exemplo de Wangari Maathai, que ganhou o prêmio Nobel da Paz, em 2004. Ela conseguiu mobilizar as mulheres de um vilarejo no Quênia, onde já não havia mais nada. A terra estava estéril porque todas as árvores haviam sido cortadas e vendidas. Ela convence as mulheres a plantar e regar novas árvores, e, depois de seis anos, elas têm uma floresta, o solo é recuperado e a vila renasce.
O pior do preconceito é quando acreditamos nele e o aceitamos como uma verdade. Podemos combatê-lo no dia-a-dia, na escola, no bairro, na igreja, no sindicato ou no movimento social organizado. Combater o preconceito e o machismo não é apenas defender direitos iguais, é fortalecer a nossa auto-estima e melhorar a nossa inserção no mercado de trabalho.
Assinar:
Postagens (Atom)