- Toda hora, ele passa e não me vê!
Bebe água, come, saboreia a sobremesa, arrota, - ai, que nojo, - enquanto fico aqui morrendo de sede.
- Ah, se umas gotinhas de água caíssem do céu! Chove lá fora. As outras plantas se refrescam e espiam para mim com desdém. - Sou mais bonita, por isso estou aqui enfeitando a mesa!
Elas se balançam ao vento, se remexem, enquanto fico aqui mais quieta do que flor de plástico.
Se eu pudesse me mover a coisa seria diferente. Iria tomar um banho com cuidado para não perder o lindo botão que estou tecendo, quer dizer, estava... Se ele continuar esquecido de mim, as doze semana que passei no preparo do buquê serão perdidas.
- Esse homem cantarola! Que voz insuportável, acho que vou desmaiar.
A violeta estava muito cansada, caiu no sono. Sonhou que habitava a mais bela montanha do Marrocos, que chovia sobre a copa das árvores e que delicadas gotas banhavam suas pétalas.
De repente, acordou. E que espanto. Estava debaixo da torneira toda molhada.
- Ufa! Que água gostosa! Acho que vou me afogar! Ai que sede! Mas espere aí. Já estou ficando encharcada! Sou elegante, bebo pouquinho. Se bem que eu estava desesperada. Moço, seja delicado!
O homem tomou um espanto, pois finalmente conseguiu sentir-se como a violeta.
2 comentários:
Texto com a delicadeza de violetas...
Oswaldo
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