quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O Bem-Te-Vi e o Gavião

De manhã, enquanto dirigia, eu pensava sobre o livro "Manual da Paixão Solitária" de Moacyr Scliar, que estou lendo.
Como todos sabem "Manual da Paixão Solitária" é um livro premiado e Scliar é um escritor consagrado. Mas eu ousava pensar sobre os defeitos da obra.
As passagens que li ontem, antes de dormir, pareceram-me um grande tratado sobre a masturbação masculina. O trecho, que vai da página 87 a 100, onde o autor relata a descoberta da masturbação pelo adolescente Shelá, o protagonista, me causou enfado. Que maçada! Que texto mais cacete!
No mesmo instante em que me veio esse pensamento, olhando para o céu da manhã, de esplêndido azul, vi um bem-te-vi voando atrás do gavião. A ave grande fugia exasperda com a impertinência do passarinho. Imediatamente me associei àquela imagem: eu era o bem-te-vi, o gavião, grande, colossal, era Moacyr Scliar. Quanto à lógica entre a associação, não sei.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Estada no Paraíso

Ler um bom livro é como uma estada no paraíso.

O Sabiá e o Presidente


A minha canção preferida não é de nenhum desses músicos famosos. É o canto do sabiá.
Que pássaro generoso! Canta sem parar. Que canto lindo!
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assinou um decreto reconhecendo o sabiá como a ave símbolo do Brasil. Imagino que o então presidente ouvisse do seu gabinete o insistente canto do sabiá e tenha resolvido prestar-lhe essa justa homenagem. Na Esplanada dos Ministérios o sabiá é ministro, é rei!
O curioso é que o sabiá tem que aprender a cantar. No começo, ele canta mal, o pulmãozinho está pouco desenvolvido, o diafragma é estreito, ele canta friccionando a lingua no bico. Seu canto soa como um simples trinado.
Depois de longo treino, o pulmão se fortalece, o diagrama se expande, seu peito torna-se arredondado como o de uma pomba. E ele aprende a cantar com todo o seu corpinho. Quando chega nesse estágio é possivel escutá-lo cantar assim: "Fia, fia, sinhá, fia, fia, sinhá..."

Atropelada por um beija-flor


Hoje aconteceram duas coisas inusitadas.
De manhã, quando ia para o trabalho vi um frango pedrês na minha rua. A ave fazia cooper pela calçada, mas, de repente, num assomo, sem aviso, ela resolve atravessá-la. Piso bruscamente no freio, os livros do banco de trás são arremessados, minha bolsa salta no tapete, meus óculos escapam da minha blusa, mas ainda bem que o galinácio escapa.

Mais tarde foi a minha vez. Caminhava pela calçada distraída e quando passei ao lado de uma alameda de caliandras fui atropelada por um beija-flor! O animalzinho era lindo, ai meu Deus, de uma beleza estonteante, não duvido que suas penas sejam de esmeralda e turquesa, veio em minha direção, foi o tempo de me abaixar, passou por minha cabeça como um sopro.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Por que o lixo cultural nos atrai?

Você já reparou na banalidades das manchetes de algumas revistas?

Outro dia, me deparei com esta:

"Sinto vontade de ter mais um filho", e estampada havia a foto da Cláudia Raia, e o subtítulo "diz Cláudia Raia, aos 41 anos". Recordo-me de outra: "Sou mais durona do que William", era a vez de Fátima Bernardes.

São centenas e centenas de "notícias" desse gênero circulando pela internet ou nas revistas. Mas o que me abismo é: por que esse tipo de manchete nos atrai?

É verdade que já me peguei perdendo um tempo valioso do meu dia lendo essa espécie de bobagem.

O preço de um livro

Entre as muitas desculpas que as pessoas dão para não terem livro é o preço. Digo desculpas, pois, em minha opinião, não ter livro em casa, para uma grande parcela das pessoas, está naquela esfera das motivações pessoais.
Como me entristece ver uma moça bem vestida, com o aspecto de que acabou de sair do salão de beleza, me dizer que não compra livros porque não tem dinheiro. E me entristece mais ainda quando se entrega um texto para um jovem e ele, antes de tudo, repara para o tamanho, e diz: - É enorme! É muito grande, não vou ler. Não tenho tempo!
A propósito, a falta de tempo é uma das desculpas mais usadas para justificar a preguiça de ler.
Outro dia, uma jovem, me disse que pretendia se preparar para um concurso, e que para tanto ia fazer cursinho, e justificava a sua opção pelo cursinho contando-me que fora ver a apostila e eram 200 páginas! Ela concluiu: Imagina ler tudo isso!
O que ela não sabe é que para passar no concurso que pretende terá que ler 10 vezes mais do que isso e que um bom leitor consegue ler um livro de 200 páginas em um dia!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ensinando Gatos a Sorrir

Estou aqui em casa ensinando os gatos a sorrir.
Depois explico como é o sorriso do gato.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Dieta & Digestão

Quem diria que algum dia eu iria me preocupar com dieta?!
Olívia Palito, catirina, vara de virar tripa, passarinho, bicho do pau-seco! - Quantos apelidos meus amigos me botavam na infância?!
Sim, também me chamavam de pastelzinho sem recheio. As meninas gordas também não era poupadas. Era pelota bolota, gordinha, etc. Não me lembro, pois não fui vítima desses apelidos.
Que sorte tinham aquelas meninas cheinhas, que desde cedo tinham as formas arredondas como uma mocinha!
Agora chegou o meu dia de fazer dieta. O pior é que nunca adquiri as formas arredondadas, mas umas gorduras nos lugares errados. Que coisa mais difícil é brigar com a genética.
Então, lendo um velho livro, descobri que um certo coronel criou uma certa dieta que consistia em combinar os alimentos, de acordo com o processo digestivo.
Para conceder um ar de importância a minha dieta, batizei-a de "Dieta da Digestão".
Fiz uma adaptação das dicas do coronel.
Para ilustrar como funciona a dieta vou dar um exemplo.
Hoje, no almoço, vou comer só feijão preto, temperado com sal, gengibre, azeite, alho, cebola e cheiro verde. Amanhã, vou comer proteína, ou seja, bife ou frango. Depois, como somente legumes.
Sim, mas devo acrescentar que hoje já comi: café com leite e pão integral, uma pera bem macia, um ovo frito com azeite extra-virgem. Respeitando sempre entre uma refeição e outra o intervalo da digestão, que quase sempre corresponde a um aviso do estomago, ou seja, cerca de uma hora entre um alimento e outro.
Se vai funcionar? Não sei. Sou minha própria cobaia. Mas está difícil. Logo eu que sempre comi uma vez ao dia, ou seja, do amanhecer até de noite.

domingo, 24 de maio de 2009

O Segredo e a Falácia

Há muito tempo não escrevo nesta página. Tenho que revelar que eu estava sentindo um terrível cansaço, um enfado, um desânimo que me impedia de escrever uma frase que fosse. Meu trabalho me absorveu totalmente. Tive que escrever imensos relatórios, examinar os dados econômicos dos últimos cinco anos, estudar o mercado de ações, operações com derivativos, opções, BM&F, operações com títulos públicos, etc. Imagine o meu esforço para dominar tais assuntos, eu, que sequer tenho uma caderneta de poupança. Mas é o meu trabalho e não é justo querer um salário sem aceitar o ônus do ofício.
E por falar em ônus, lembrei das manchetes das revistas que vi hoje de manhã. É claro que na próxima semana as mesmas manchetes estarão lá. Numa dessas revista, li o seguinte: "Você pode ficar rico". Outra dizia: "Perca 4kg em 15 dias." E um jornal preceituava: "Como conseguir o emprego de seus sonhos". O leitor só precisa comprá-los para conseguir tal façanha. Essa é a ilusão que vendem.
Esse gênero de publicação é florescente, assim como prosperam as igrejas da mesma linha . Elas prometem aquilo que não está ao nosso alcance. Satisfazem o nosso desejo infantil de querer maravilhas sem o respectivo esforço.
Você se lembra do livro, filme, video, e não sei quanto tipo de mídia que se vendeu feito coca-cola sob o nome "O Segredo"? Ele se tornou quase uma religião, uma doutrina, um saber esotérico, e quem ousasse criticá-lo era visto como um não-iniciado, um infeliz, um derrotado. Quem poderia se levantar contra a massa de leitores de "O Segredo" ávidos por ver os milagres que o livro prometia em suas vidas? Deus me livre, que eu não queria ser excomungada. Agora que a fome emocional foi saciada, que a falácia caiu por terra, é possível criticar, não sem suscitar a peleja de algum renitente.
Encontrei no livro de Carl Sagan, "O Mundo Assombrado pelos Demônios", uma passagem que cai bem nessa discussão. Ele afirma: "A pseudociência fala às necessidades emocionais poderosas que a ciência frequentemente deixa de satisfazer. Nutre fantasias sobre poderes pessoais que não temos e desejamos ter (como aqueles atribuídos aos super-heróis das histórias em quadrinhos modernas e, no passado, aos deuses). (...) No âmago de algumas pseudociencias ( e também de algumas religiões, da Nova e da Antiga Era) reside a ideia de que é o ato de desejar que dá forma aos acontecimentos."
Ele continua:
"Como seria agradável se pudéssemos, à semelhança do folclore e das histórias infantis, satisfazer os desejos de nosso coração pelo simples fato de desejar."
Ora, aquela outra visão, a de "O Segredo" vem justamente satisfazer nossas fantasias de grandeza, de onipotência, de sucesso e negar o duro esforço, o empenho, a aplicação, a disciplina, que, na maioria das vezes, são necessários para a realização de um sonho. A maioria de nós gostaria que as coisas fossem assim, no entanto, a realidade está aí nos confrontando todo dia, nos mostrando que é preciso muito mais que desejar.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Prêmio SESC de Literatura 2008

Estimados participantes do Prêmio SESC de Literatura 2008,

É com muita emoção que encaminho o resultado, que saiu ontem à noite.
Finalmente o Prêmio SESC de Literatura chegou aqui! Ele já tinha passado bem pertinho algumas vezes e agora veio consagrar a nossa cidade e mostrar que aqui no Planalto Central, além de tudo, temos muitos talentos literários.
Confiram relação dos pré-selecionados, membros das comissões julgadoras e entrevista com os vencedores no site http://www.sesc.com.br/.

Parabéns pelo primeiríssimo lugar ao Sergio Leo de Almeida, na categoria Contos.

E parabéns aos participantes que tiveram os seus trabalhos pré-selecionados.

Cláudio Jaloretto,
José Geraldo Campos Trindade,
Hilda das Graças de Oliveira Curcio,
Marcello Cabral de Souza e
Raimunda Gomes de Oliveira.

O DF destacou-se, especialmente, na categoria contos e se as minhas contas estiverem corretas BA e SP ficaram empatados em primeiro lugar, com 9 indicações nos pré-selecionados, seguidos por DF e GO, empatados com 6 indicações. O resultado é inédito e motivo para nos cobrir de orgulho e felicidade.


Cordiais abraços,
Aline Monteiro

Bibliotecária do SESC Estação 504 SulEQS 504/505 Bloco A, 1º andarCEP 70338-570 Brasília - DF Tel (61) 3217-9109Fax (61) 3225-3808http://www.sescdf.com.br/

P.S.
Raimunda Gomes de Oliveira, por caso, é esta que assina este blog., mas, por favor, me chamem de Rai.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Os sofrimentos do "neo"-Escritor

Então resolvi relatar o sofrimento do "jovem" escritor ou "neo" escritor, como queira. Mas os dias passaram e aquela sensação de angustia que experimentei quando entreguei meu livro (na verdade um exemplar de "No Tempo em que Cobra Tinha Asas", coletânea de contos da qual faço parte) à famosa escritora, colunista, crítica de um famoso jornal se evaporou.
Lembro-me que lhe entreguei o exemplar com uma dedicatória beirando o bajulatório: "querida e linda B." lembrando-me da reação que tive quando li a dedicatória simples que a escritora Ana Miranda me escreveu: "À linda Rai". Pronto, a escritora acertou em cheio. Naquele momento, descobri que não é necessário escrever muito para conquistar a simpatia de alguém. E como ainda não conheci um ser humano que não seja vaidoso, tasquei aquelas palavras.
A grande crítica me recebeu com um sorriso e depois de folhear o livro por segundos vi que ela o pôs de lado. Provavelmente a grande crítica está ocupada com um dos clássicos da literatura ou com um escritor da moda e largou o livro, que lhe dediquei com tanta esperança, em algum canto de sua casa ou do escritório e nem sequer leu uma página.
Então, depois de tamanha injustiça, tive que apelar para as forças divinas e inclusive acendi uma vela. Acendi uma vela para Tom Jobim, que é meu advogado perante Deus.
Deus, naturalmente, gosta muito da música de Tom Jobim, e entre um copo de Chivas de 18 anos e uma agua de coco, pede para o Tom tocar mais uma. O Tom responde assim: - Tudo bem, Grande, mas tem que ajudar a Rai!
E assim, a pedido de Tom, Deus vai me ajudando.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A eterna miragem

O livro "O Velho e o Mar" de Ernest Hemingway nos faz pensar na felicidade como uma eterna miragem. Ela está sempre diante de nossos olhos, mas, como o tempo presente, jamais pode ser apanhada.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Os sofrimentos do "jovem" Escritor

Escreverei sobre o tema em breve, por pura falta de tempo, deixo para depois.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Praticando

Propus-me fazer o exercício 1. , ou seja, descreva a luz... e me lembrei da luz de Manaus, mas a lembrança que tenho da luz de Manaus pode ser que não tenha nada a ver com a qualidade da luz daquela cidade, pode ser que seja apenas a luz que guardo na mente, que me dava uma sensação de grandiloqüência.
Nossa relação com os lugares, como dizia Roland Barthes a respeito de nossa ligação com os livros, é sempre pelo esquecimento. Então o que temos em mente não é a memória, mas sim sensações muito particulares, que nos fazem saber que esquecemos do nome de uma praça, de um edifício, de uma rua.
Como disse, a luz de Manaus era uma luz grandiloquente, que queimava a minha pele e trespassava-a esquentando os meus vasos sanguíneos. Fazia a água em meu corpo evaporar-se e doía nos olhos quando a enfrentava sem meus óculos escuros.
Mas à medida que a tardinha ia chegando, a luz ia se tornando esverdeada, até adquirir um tom fumê, pesado e morno. A luz de Manaus era um artista de talento dramático, que tingia o céu de prata, de vermelho, amarelado, salmão, rosáceo, cor de chumbo. Era um pintor de aquarela.

A PRÁTICA DA ESCRITA

Compilei do livro "Escrevendo com a Alma" (Natalie Goldberg) uma lista de idéias para ajudar na prática da escrita, aqui vão:
1. Fale sobre o tipo de luz que entra por sua janela. (...) ou seria melhor escrever sobre a luz da região norte.
2. Comece com "Eu me lembro". Enumere pequenas lembranças. (...) Se a coisa emperrar, apenas repita a frase "Eu me lembro" e continue onde parou.
3. Pense em algo que desperte em você sentimentos fortes.
4. Escolha uma cor - rosa, por exemplo - e faça uma caminhada de quinze minutos. Enquanto caminha, repare em tudo o que for cor-de-rosa. Volte e escreva durante outros quinze minutos.
5. Procure lugares diferentes para escrever.
6. Descreva como é a sua manhã. (...) Desacelere o pensamento e repasse todos os detalhes da manhã.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ainda sobre o trabalho da escrita

Ia escrever o título e pensei em tratar a escrita como uma arte, mas logo substituí o vocábulo "arte" por "trabalho", pois quero mesmo retirar da escrita, não a sua característica de arte, o que indubitavelmente ela é, mas o seu sentido ascético, etéreo, mágico e recuperar o seu sentido mais imediato, que é o de trabalho, labor, labuta, suor, fadiga, treino. Aprender a escrever requer prática, esforço, disciplina, dedicação. É como disse Katagiri Roshi:
"Sua pequena vontade não faz nada. É Preciso uma Grande Determinação."
(citado por Natalie Goldberg)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Escrevendo com a Alma

"Escrevendo com a Alma", livro de Natalie Goldberg, publicado na década de 80, contêm valiosas dicas para quem quer ser escritor. O livro é bom, mas comete o mesmo pecado em que são viciados os escritores de auto-ajuda norte-americanos, contar casos, ilustrar cada pensamento, como se o leitor não fosse capaz de atingir o pensamento abstrato. Por outro lado, acho que é um truque para encher páginas e mais páginas. Também tem o vício mais comum dos livros de auto-ajuda, adota aquele tom de homilia, de catecismo, como se fôssemos pessoas más, e o escritor um ser superior, que vem nos ensinar, nos orientar a ser melhor. Mas. pelo jeito, ainda existe muito adulto que gosta de aula de catecismo.
De todo aquele amontoado de páginas, achei dicas interessantes, que destaco:
"O elemento básico da prática de escrever é o exercício com tempo determinado. Você pode estabelecer seu limite de dez minutos, vinte minutos ou uma hora. (...)
1. mantenha a mão em movimento. Não pare para reler a linha que acabou de escrever. Isso é retardar e tentar controlar o que você está dizendo.
2. Não rasure (delete). Isso é editar enquanto escreve. Mesmo que escreva algo que não pretendia escrever, deixe como está.
3. Não se prenda a ortografia, pontuação, gramática. Tampouco de prenda às margens ou às linhas da página.
4. solte o controle.
5. Não pense. Não tente ser lógico.
6. Pegue na veia. Se surgir algo muito forte ou muito chocante no seu texto, mergulhe fundo."

Sobre a Velhice e a arte

Gilles Deleuze e Felix Guattarri tiveram a sorte de construir uma amizade que durou a vida inteira. Juntos pensaram e escreveram.
No finalzinho de suas vidas, início da década de 90, eles publicaram um livro refletindo sobre aquilo que haviam feito a vida inteira: filosofia. O livro foi intitulado: "O que é Filosofia?" É um livro muito bonito, cheio de declarações sobre a amizade, o amor, o porvir, a velhice.
Entao, já na velhice, eles percebem que antes dela nao tinham tempo de refletir sobre aquilo que haviam feito a vida inteira. Enfim puderam perguntar: mas o que é isso que fiz toda a minha vida? E concluem:
"Há casos em que a velhice dá, nao um eterna juventude mas, ao contrário, uma soberana liberdade, uma necessidade pura em que se desfruta de um momento de graça entre a vida e a morte, e em que todas as peças da máquina se combinam para enviar ao porvir um traço que atravesse eras. Ticiano, Turner, Monet. Velho, Turner adquiriu ou conquistou o direito de conduzir a pintura por um caminho deserto e sem retorno que nao se distingue mais de uma última questão."

Inteligência e Generosidade

Generosidade é uma palavra tão longa assim como é imenso o seu sentido, ela é um rio de aguas calmas que vai verdejando a paisagem em silencio, vai retirando a aridez da terra, levando a vida, fertilidade, beleza, alegria.
Depois de muitos anos de vida, e depois de muitos anos pensando que a qualidade mais preciosa das pessoas é a inteligencia, descubro que não é nada disso, o mais importante nao é ser inteligente, o MAIS IMPORTANTE É SER GENEROSO.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Amor & Conhecimento

Existem aquelas pessoas que encontramos pela primeira vez e que temos a impressão de que as conhecemos de uma indistinta época, e nos despertam a mesma sensação de felicidade e emoção que temos quando reencontramos um velho amigo. Foi o que senti quando encontrei as minhas amigas e amigos mais queridos.
Penso que existem aquelas pessoas que já amamos antes de conhecê-las, pois já as conhecemos sem que tenhamos com elas convivido. Existe um racionalismo que prega que para amar é preciso conhecer, concordo, mas como toda regra tem exceção, há aquelas pessoas que nos poupam do trabalho do conhecimento e que amamos intuitivamente.
Pode parecer pouco romântica a comparação que vou fazer, mas existem pessoas que amo de imediato da mesma forma que amo os cães, os gatos, que vejo na rua, os pássaros, as flores que vejo nos jardins, e até mesmo aquelas mulas maltratadas que vejo puxando carroças.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A carona e a promessa

Estou pegando carona na promessa da Jeanne e me esforçando para fazer todas as tarefas da oficina literária e publicar os textos produzidos aqui.
Esses textos estão sendo feitos sem a dedicação que mereciam, às pressas, mas creio que está melhor assim do que deixar de honrar com a promessa.
É isso.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Tentação Proustiana

Sempre penso que vou ter tempo para amenidades, que vou ter tempo para responder meus e-mails, para escrever neste blog. Mas, na verdade, não é falta de tempo, mas sim ter cabeça para pensar em sentimentos delicados, em cultivar o meu lado afetivo que anda quase anestesiado, e quase me sinto perigosamente tentada a viver como Marcel Proust, não ter vida social, não ter amores, e me dedicar só ao trabalho e à escrita. Mesmo que não tenha nenhuma certeza quanto ao meu talento para escrita. Não tive nenhuma tia rica que me deixasse a herança para que eu pudesse escrever sem preocupações financeiras, como Proust, então tenho que conciliar o meu trabalho, que é super desgastante, que me obriga a pensar no mundo material, no reino das necessidades que quase me sinto aprisionada por ele.
Talvez quando chegar o reino da liberdade, do tempo livre, eu me sinta cansada e velha demais e com a criatividade esgotada, não sei, e sem esse maravilhoso estímulo que é pensar que se tem uma vida pela frente.
Oh, Santo Marcel Proust, já que não herdei uma fortuna, ajuda-me a suportar a minha fadigosa sina.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Dor de Barriga e a Autocura

Depois de passar 24 horas tentando me curar de uma dor de barriga pelo processo de autocura (muita água, chá, pensamento positivo, relaxamento, caminhada, luz solar)
Parto para a medicina tradicional (luftal e estomazil)
E fico curada em 1/2 hora.
É, uma farmácia faz mais milagre que todas as igrejas juntas.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Bill e o Gato


Gostei desta foto.

Sabiá Canta!

Sabiá canta
Fia fino
Fia grosso
Fia fino
Fia grosso, sinhá.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Defesa do Gato

Difamam o gato. Dizem que é interesseiro, frio, arrogante.
Mas pergunto: quem é que conhece um gato por dentro?!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Da Alegria de Plantar

Plantar é uma das melhores coisas da vida. Deixar uma semente adormecer no chão e esperá-la brotar, pequenina, delicada como um filhote.
Depois ver a planta crescer, milagrosamente, com uma rapidez que não compreendemos.
Um belo dia, a árvore dar flores. Olhamos admirados como quem observa o filho engatinhar. Que deslumbramento!
Finalmente, chega o abençoado dia em que nossa árvore dar frutos. Ela é adulta, forte, generosa.
Colhemos os frutos e eles nos parecem os mais saborosos do mundo. E são, pois mais que o sabor da fruta, eles têm o sabor de nosso amor, de nossa espera, de nosso trabalho.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Menino Ruivo II


Não poderia deixar de partilhar esta imagem com meus amigos!

O Menino Ruivo


Conheci um menino ruivo, tão lindo, tão doce, que mais se parece um ser imaginário, um ente caído das estrelas.

Tem falhas nos dentes, sorriso espontâneo, voz suave e alegre.

Seus cabelos têm cachos dourados e seus olhos contêm o brilho das estrelas.
Conheci-o na noite no reveillon, na Esplanada dos Ministérios.
E eu que achei que menino assim só existia nos contos de fadas!
P.S. Para ver a foto ampliada, clique em cima.

Para não esquecer

Tenho um arquivo chamado "Para não esquecer", onde guardo aquelas matérias sobre fatos, acontecimentos, pessoas, que me fazem vibrar, ficar contente, admirar e que, por isso, considero inesquecíveis.
Hoje encontrei uma matéria no Globo sobre um cidadão de Brasília, chamado Antonio Conceição Ferreira, cobrador de ônibus, que montou uma biblioteca itinerante dentro do mesmo ônibus onde trabalha.
Segundo a reportagem:
"Os passageiros podem retirar os livros de graça para ler durante a viagem ou levá-los para casa.
No início, Antonio ficou com medo de fixar o porta-livros no ônibus. Achou que alguém até podia reclamar, mas a biblioteca itinerante já tem quase um ano e até agora só recebeu elogios."
Parabéns, Antônio! Bravo! Longa vida aos que têm iniciativas como essa.