quarta-feira, 16 de maio de 2007

O Carrão de Caio

-Vrunvrum, vrum, vruuuuuuuuuuuuum...
Era Caio guiando seu carro em alta velocidade.
- Quer uma carona, Estefânia? - Disse ele puxando o freio bruscamente, parando próximo à sua irmã, que estava brincando de amarelinha.
- Aceito. Mas vê se dirige com cuidado.
Estefânia segurou na cintura de Caio. Ele meteu a primeira marcha e o carro arrancou de vez.
- Ai, que esse carro me acaba!
Reclamou Estefânia sentindo um solavanco.
- Segura o cinto, Estefânia. Deixa de ser mole! Eu sou o melhor motorista do mundo!
- Cuidado, Caio, você quer atropelar as galinhas?
-Ah, Fani, como você é medrosa! Isso me dá frouxos de risos.
Caio sorria emocionado, sentindo o gosto da rapidez de seu veículo.
-Devagar, Caio, senão eu vou acabar caindo.
-Vrum, vrum, vruuuuuuuuuuuuum. - Eles continuaram.
- Caioooooo!
Eles ouviram um grito.
- Caio, é a mamãe. Pare agora. - Ordenou Estefânia, valendo-se de seu lugar de primogênita.
- Péra, Fani. Sabe como é carro novo... o freio demora a pegar. Vrunvrum, vruuuuu, vruuuuu...
O carro foi perdendo o fôlego até que morreu.
A mãe de Caio se aproximou com as duas mãos na cintura, com ar arrebatado e muito nervosa.
- Caio, me dá aqui a tampa da panela, moleque. Me dá também a minha colher de pau. Deixou a minha a panela descoberta e ainda por cima levou a colher de mexer o feijão!
A mãe de Caio tomou a barra da direção e o câmbio da marcha do carro. O veículo se desmontou num instante. O menino ficou a pé.
Estefânia o consolou:
- Ah, esse carro não prestava mesmo! Vamos voar de avião. É melhor!

Um comentário:

disse...

a sua história me levou de volta à rua de minha infância, onde enchíamos de areia as latas de leite ninho vazias para puxar "roletes" e andar de pe-pé...subir no muro e sair andando de perna-de-pau,soltar pandorga no campinho, caçar vagalumes, botar pedras no trilho dos trens e ficar esperando as rodas do gigante soltarem faíscas... saudades das mágicas da minha infância!