sábado, 17 de março de 2007

A melodia do sol


Bem-te-te-vi, Bem-te-vi-te-vi, Bem-te-vi-te-vi, o pássaro cantava ainda há pouco,
espiando o nascente. Alegro con brio.
Pensei que ele cantava para mim. Mas era para o sol.
Depois ele disse calmamente: "acorda", "acorda". E agora está quieto no galho da árvore esperando que seu pedido seja atendido.
Mas o sol continua deitado, esfrega o nariz, rola mais um pouco pelo universo e pede mais um instante.
E, ontem, observei que o bem-te-vi, quando ver o sol partir, vermelho, incandescente, vanila, dourado, fica melancólico e canta un adagio sostenuto: te vi, te vi, te vi...
Ô passarinho, eu não sabia que era o teu canto que fazia o sol nascer todo dia tão bonito assim e partir de forma tão magnífica!
São 6:05 da manhã.
P.S. Sugestão: Se acaso desconhece o que é um canto alegro con brio acorde cedo e ouça o bem-te-vi, mas se não lhe agrada acordar tão temprano, ouça o 1º movimento da Sinfonia nº 5 de Beethoven. E para um adagio sostenuto sugiro que ouça o 1º movimento da Sonata nº 14, "Sonata ao Luar", também de Beethoven. Sinto em dizer que se você é uma pessoa que escuta e nunca parou para ouvir uma dessas músicas, nem o canto do bem-te-vi , ainda não experimentou o que é ser verdadeiramente feliz.

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