terça-feira, 17 de abril de 2007

ki kaki karo

Quem já viu um caquizeiro? Eu nunca vi! Mas todo dia, atravessa o meu caminho um vendedor de caqui. Ele me espera no semáforo, sob o sol quente. Penso que ele sente sede e vontade de comer os caquis que ele põe à venda. Mas, ele, como um monge, disciplina sua vontade, pois afinal nem só de caqui pode viver um homem.
O fruto é originário da Ásia, li. E existem três tipos: o taninoso, o doce e o variável. Taninoso, não me pergunte o que é porque não sei; e o dicionário não responde. "taninoso é o que contém tanino." Diz o Houaiss. É óbvio. (Isso parece resposta de aluno preguiçoso.)
Creio que o tipo que é vendido aqui é o "doce". É suculento, redondo, vermelho como um tomate. Para o meu paladar, tem um sabor silvestre.
Eu comprei os caquis porque o rapaz estava ali, porque eu estava com fome e porque eu trabalho com quatro yanomamis. (Com todo respeito à cultura desse povo.)
Os meus quatro colegas não trazem nada de comida. (Mas comem que é uma beleza!) Na cultura yanomami, os homens fabricam arcos e flechas para caçar; as mulheres cultivam a terra, plantam, colhem os frutos.
Por não trazerem frutas e esperarem que eu, a mulher, providencie tudo, eu os apelidei carinhosamente de yanomamis.
O preço do caqui não é nada comparado com o preço da multa que eu vou ter de pagar. (Tomara que não.) Na hora em que fui comprar os caquis o sinal amarelou. Avancei, o sinal ficou vermelho. Havia um pardal mal educado que, em vez de comer os caquis, fica fotografando quem fura o sinal.
Contei para o meu colega, ele exclamou:
- Kara, ki kaki karo!

2 comentários:

Anônimo disse...

Excelente o lance do pardal. Bem melhor seria se ele Komesse Kaki, He, He, He!

O Cabeleileilo

Anônimo disse...

Para ver os caquizeiros, visite Arroio do Padre...
Bjs