Todas as segundas eu encontrava o homem do "rolo". Quem o visse não imaginava a sua ocupação. Sempre de bata branca, bem passada, calças de linho, as mãos limpas e o aspecto bem asseado. Parecia um doutor.
Ele era um tipo alegre e brincalhão, daqueles que gosta de distribuir balas para as crianças. Quando eu o via, sentia logo vontade de rir. Todos nós ríamos muito às custas das conversas do homem do rolo.
O nome dele era Sebastião, morava na periferia, vivia dos rolos, mas não reclamava de nada. Apenas comentava os detalhes de seu especial ofício.
- E aí, seu Sebatião, como estão os rolos hoje? - Eu sempre lhe perguntava.
- Pelo amor de Deus! Está que é uma feira! Dia de segunda é um rolo danado!
- Final de semana, o povo capricha! - Explicou ele. - É tanta porcarinhada que haja estômago! Sobra pra mim!
- É, o povo apronta no fim de semana e na segunda eu estou enrolado! Este já é meu rolo de número setenta e um. - Concluiu ele resignado, com o sorriso de sempre no rosto.
- Só?! Até que está tranqüilo. Lembra daquele dia em que o senhor contou mais de mil rolos?
Caindo na gargalhada, ele me respondeu:
- Foi depois da páscoa. A evacuação no prédio foi geral! A culpa foi do preço do peixe! O cheiro invadiu os corredores, foi parar no gabinete do chefe. Nossa Senhora dos Entupidos que me acuda!
Suplicou seu Sebastião, colocando mais uns dez rolos de papel higiênico no banheiro feminino. No masculino, ele colocou uns vinte! E, se despedindo, entre um sorriso e outro, ele disse:
- Vou me já andando que essa função exige pressa!
sexta-feira, 20 de abril de 2007
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