Dudith, não é Judith, é Dudith mesmo, é uma moça que conheci parecida com a deusa Ceres. A deusa das plantas que brotam e do amor maternal e que era representada com dois pendões de trigos sobre as orelhas, como brincos grandes.
Como a deusa romana, Dudith tinha a mão boa para plantar.
No dia em que a conheci, ela estava cuidando do seu jardim, juntamente com seu assistente, um deus menor, chamado Adam, um menino de quinze anos. Eles me convidaram para ocupar essa função, o que aceitei de imediato.
Enquanto cultivávamos aquele pedaço de chão, conversávamos. Conversa vai, conversa vem, ela me conta o seguinte:
- Hoje de manhã, a nova vizinha veio me visitar, a que mora nessa casa do lado direito.
- Esta que, no lugar de um jardim, tem um montão de lixo? - Indaguei com ironia. - Sorrindo, Dudith respondeu:
- Exatamente. Eu perguntei pra ela se, por acaso, ela não queria fazer um jardim, pois eu tenho muitas mudas, como você pode ver, e tenho muitas plantas que brotam de galho. Disse-lhe que o meu pequeno viveiro estava a sua disposição.
Continuou Dudith:
- Acredita que ela, fazendo uma cara de preguiçosa, rebateu:
- Ah, dá muito trabalho, não sei. Vou perguntar ao meu marido!
- Parece até que eu estava oferecendo "merda" pra ela. - Comentou Dudith com certa indignação. - Eu, sabendo que a mulher era religiosa, resolvi apelar e disse-lhe em tom profético: "Você sabia que na sua casa tem uma maldição?! A moradora anterior à última invocava forças demoníacas! Para tirar essa energia ruim você deve plantar umas..."
A vizinha, interrompendo-me e fazendo uma cara de pouco caso, disse:
- Ah, mas nós somos evangélicos! Na hora em que nós entramos numa casa, nós repreendemos tudo de ruim, em nome de Jesus!
Deu-me vontade de dizer:
- Pois repreenda esta preguiça!
Quando ela saiu, Adam comentou:
- Quem ver a crença dela vai salvar o mundo! Só porque ela é crente já se acha livre de qualquer infortúnio.
Pois é, o terrorismo que fiz com a vizinha foi inútil.
- Que nada, serviu para nós darmos essas risadas. - Comentei.
- O certo é que, no lugar de plantar uma árvore, ela plantou uma antena de tv bem alta. Vai ver que a antena vai dar frutos! - Continuou Dudith.
- Mas, a tv não dá flores! A tv vende flores. - Disse Adam, com certo orgulho de seu senso crítico.
- Vai ver, ela gosta de comprar! - Concluiu Dudith.
segunda-feira, 16 de abril de 2007
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3 comentários:
Se essa senhora soubesse a alegria que é ver a transformação de um terreno cheio de entulho para um cheio de flores,de árvores e de frutos. Os pássaros e as a borboletas vêm visitar e agradecer por tamanha graciosidade e transformação da natureza, que tornam a vida delas melhores e alegres.
Essa necessidade de plantar, de querer ver as coisas mais bonitas,de fazer com que o mundo seja melhor, infelizmente, nem todos têm.
Por falar nisso,hoje quando acordei tive uma surpresa, no lugar da minha roseira(a que morreu devido aos quatro dias que passei fora de casa) nasceu um pé de caju! Achei curioso! na mesma terra, que é seca e árida para uma roseira é fértil para a castaha dessa fruta que é linda e cheirosa. Vibrei de alegria, não fiquei mais triste pela roseira, mas sim feliz pelo caju. Vou ter que procurar lugar para ele, pois está num vaso, numa sacada, em uma kitnet.È um caju "SEM-TERRA", precisa crescer!
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